A Quaest vai divulgar nesta semana uma rodada de pesquisas que promete movimentar o tabuleiro político: avaliação do governo Lula, cenários para 2026 e intenções de voto em disputas estaduais. É hora de prestar atenção — não porque a mídia convencional vá interpretar corretamente o que está em jogo, mas porque esses números servem de termômetro para a força social acumulada contra a ofensiva neoliberal e o bolsonarismo que insiste em ressuscitar lá fora. Quem se move, quem patina e quem insiste em vender privatização como solução serão expostos.
O que a pesquisa vai cobrir
Na quarta-feira (20) sai a pesquisa de avaliação do governo Lula; na quinta (21) a rodada que testa cenários presidenciais para 2026, agora com uma novidade: pela primeira vez a Quaest inclui o senador Flávio Bolsonaro entre os adversários eventuais, ao lado de Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, Michelle Bolsonaro, Ratinho Júnior, Eduardo Leite, Eduardo Bolsonaro, Romeu Zema e Ronaldo Caiado. “A pesquisa também vai medir a opinião dos brasileiros sobre o tarifaço e sobre a economia”, disse a Quaest. Na sexta (22) chegam as avaliações de governadores e as intenções de voto em oito estados-chave: Bahia, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. A pesquisa foi encomendada pela Genial Investimentos e ouviu 12.150 pessoas entre 13 e 17 de agosto. “Foram realizadas 12.150 entrevistas entre a última quarta-feira (13) e domingo (17)”, informou a Quaest.
Os números da última rodada, divulgada em 16 de julho, já mostraram desgastes: 53% de desaprovação contra 43% de aprovação — estáveis em relação ao levantamento anterior. Ainda assim, o quadro nacional apresentava Lula à frente em todos os cenários de primeiro turno e com vantagem no segundo turno na maioria das combinações; só empataria com Tarcísio. Quer dizer: a direita segue fragmentada e sem projeto popular, apesar de toda a barulheira midiática. Lula aparece liderando todos os cenários de primeiro turno — e isso não é por milagre, é fruto de organização popular e disputa política real.
O acréscimo de Flávio Bolsonaro na lista de prováveis candidatos é um lembrete incômodo: o bolsonarismo não morreu, apenas mudou de formato e busca rearticulação. Será que a sociedade vai cair de novo nas cantigas de privatização e “ordem” pregadas por quem quer entregar estatais e direitos ao mercado? Não podemos permitir. Enquanto isso, nomes como Tarcísio e Eduardo Leite tentam se aproveitar do vácuo de projetos genuinamente redistributivos. A direita segue apanhando no tabuleiro eleitoral e sem projeto social — o novo conservadorismo só promete mais cortes e privatizações.
Para nós que lutamos contra as forças do atraso, esses levantamentos não são meros números: são instrumentos para planejar a disputa política. Onde Lula está forte, é preciso transformar essa liderança em movimento social e pressão por avanços concretos; onde há desgaste, é preciso intensificar a denúncia das medidas que atacam o povo. O PT e Lula, para além da disputa eleitoral, têm a responsabilidade de impulsionar uma nova etapa de luta anticapitalista e fortalecer as estatais contra o escrutínio dos mercados e das privatizações.
Se os dados mostrarem estabilidade ou crescimento da popularidade do presidente, que isso sirva como combustível para ampliar as iniciativas populares, aprovar políticas que protejam empregos e renda, e consolidar o papel das empresas públicas como instrumentos de soberania. Se houver recuo, que seja um chamado urgente à mobilização das bases. A direita, por sua vez, segue tentando se recompor com velhos truques e muita retórica vazia — e devemos desmontar esse discurso com trabalho de base e disputa de ideias.
A semana promete e as perguntas seguem no ar: quem terá capacidade de traduzir intenção de voto em poder popular real? Quem usa a pesquisa apenas para especulação midiática e quem a usa como mapa para a luta? Fique atento: números importam, mas decidem o futuro é a organização popular.