O encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Equador, Daniel Noboa, no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (18) foi mais do que protocolo diplomático: foi resposta política e econômica a um ataque direto contra o Brasil. Em tempos de tarifaço imposto pelos EUA, o governo Lula busca diversificar parceiros, reforçar a integração regional e proteger a produção nacional — enquanto a direita no exterior e seus aliados internos se esmeram em boicotar qualquer caminho que favoreça os trabalhadores e o desenvolvimento soberano.
Lula recebeu Noboa em meio a medidas protecionistas que complicaram exportações brasileiras: desde 6 de agosto vigora uma sobretaxa de 50% para produtos brasileiros nos Estados Unidos — enquanto o Equador foi taxado em 15%. O governo federal não ficou parado: anunciou uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para empresas afetadas e intensifica negociações para abrir novos mercados. Não é hora de ajoelhar diante de pressões externas; é hora de articular alternativas e fortalecer nosso comércio sul-americano! “Trump resolveu contar mentiras sobre o Brasil”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O diálogo com Noboa faz parte dessa estratégia. Além da visita do equatoriano — a primeira ao Brasil desde que assumiu o poder em outubro de 2023 e foi reeleito em abril — Lula tem agenda com outros chefes de Estado: receberá, nas próximas semanas, os presidentes da Nigéria e do Panamá e busca contato com líderes como Cyril Ramaphosa (África do Sul). Garanta-se: há planos também de viagens à Indonésia e à Malásia para abrir espaços de comércio que não passem pela dependência do mercado que hoje pune o Brasil.
Noboa
Daniel Noboa, de 37 anos, é o mais jovem presidente do Equador. Filho de uma família bilionária dona de um império de exportação de bananas, nasceu nos Estados Unidos e governa com um programa liberal na economia e linha dura na segurança pública — um combo que soa confortável para as esquerdas neoliberais do continente e para quem, como Trump, adora misturar mercado livre com autoritarismo na ponta da arma. A postura de Noboa o aproxima politicamente de Washington e de discursos de “mão forte” contra o crime, defendendo reformas econômicas que agradam interesses empresariais.
A crise de segurança no Equador tem sido dramática: aumento de homicídios, ataques a meios de comunicação e controle de presídios por organizações criminosas. Noboa aposta em medidas duras para conter o avanço do tráfico — uma agenda que o coloca em sintonia com governos conservadores da região. Não por acaso, esse alinhamento suscita preocupações sobre influência externa e prioridades que privilegiam interesses privados sobre políticas sociais e soberania nacional.
Brasil x Equador
O intercâmbio comercial entre Brasil e Equador alcançou US$ 1,09 bilhão em 2024. O Brasil exportou principalmente papel e cartão, veículos automóveis, trigo e calçados; importou chumbo, sucata metálica, pescados, artigos de confeitaria e produtos plásticos. Esses números mostram que há espaço real para ampliar o comércio bilateral — e também para criar cadeias produtivas regionais menos vulneráveis a chantagens de potências hegemônicas.
Lula, ao buscar novos parceiros, dá um recado: o governo está disposto a reagir ao que vê como sanções econômicas seletivas e até manobras políticas — segundo Brasília, o tarifão teria motivações além do comércio, com Trump tentando influenciar desfechos jurídicos no Brasil. Brasil não será massa de manobra nem de chantagem; a soberania econômica será defendida!
O encontro com Noboa é, portanto, parte de uma estratégia mais ampla: não apenas abrir mercados, mas reforçar laços regionais, proteger empregos e combater a influência de uma direita que prefere privatizar e subordinar nosso futuro a interesses estrangeiros e bilionários. Em meio à guerra de tarifas, resta ao Brasil fortalecer sua integração sul-americana e projetar uma política externa que sirva ao povo, não às elites. Quem diria que a diplomacia poderia ser tão combativa? Que assim seja — e que a luta por soberania avance, com Lula e a organização popular na dianteira.