O governo Trump resolveu entrar na palhaçada bolsonarista e sancionou o ministro Alexandre de Moraes com a famigerada Lei Magnitsky — aquela mesma ferramenta que os EUA ostentam como troféu para punir ditadores e criminosos internacionais. A vitória retumbante da desinformação e do conluio político encontra agora resposta: Moraes não se intimida. Em entrevista ao Washington Post, o ministro deixou claro que não vai recuar um milímetro diante das pressões externas nem das milícias digitais que enxameiam as redes sociais. Não é hora de covardia: a democracia exige investigação e responsabilização.
“Não existe a menor possibilidade de recuar nem milímetro sequer”, declarou Alexandre de Moraes ao jornal — e está falando com a firmeza que falta a muitos que se escondem atrás de fachadas patrióticas para proteger milicianos e golpistas. “Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas, e quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido”, completou, lembrando que o processo segue os trâmites do Estado de Direito, muito embora isso contraste com a versão alternativa vendida por seguidores de Bolsonaro e seus patrocinadores internacionais.
A reação americana, que chamou de “caça às bruxas” a atuação do ministro, é a prova de que a direita global se organiza para proteger seus. “O governo norte-americano alegou que o ministro do STF promove uma ‘caça às bruxas’ contra Bolsonaro”, afirmou a reportagem ao citar a posição oficial. A ironia é contundente: a mesma potência que financia golpes e apoiou ditaduras agora dá lição de moral quando seus interesses e aliados estão em risco. Enquanto isso, impondo tarifas de 50% a produtos brasileiros, Washington mostra mais uma vez que sua diplomacia é feita à base de birra econômica e chantagem.
Julgamento no STF
A Primeira Turma do STF marcou para setembro o julgamento central da trama golpista que envolve Jair Bolsonaro e outros sete réus. O cronograma foi divulgado pela Corte e promete ser um momento decisivo para desmontar a teia de fake news, ofertas de poder paralelo e articulações antidemocráticas que proliferaram nos últimos anos. Não é um julgamento contra ideias — é um julgamento contra uma tentativa organizada de destruir instituições.
Moraes também argumentou, numa tentativa didática, que parte do choque cultural com americanos vem da própria experiência histórica: “Entendo que, para uma cultura americana, seja mais difícil compreender a fragilidade da democracia porque nunca houve um golpe lá”, disse. Acrescentou que o Brasil conhece ditaduras e tentativas de ruptura: cura adquirida na dor que gera “anticorpos mais fortes”, como ele metaforicamente colocou.
Os defensores de Bolsonaro, com suas narrativas envenenadas, tentaram transformar investigações em espetáculo e autoridade em inimigo. “Essas narrativas falsas acabaram envenenando o relacionamento — narrativas falsas sustentadas pela desinformação disseminada por essas pessoas nas redes sociais”, afirmou Moraes sobre o efeito tóxico das mentiras. Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro posa de interlocutor nos EUA, atribuindo-se o feito das sanções — uma cena que mistura cinismo, insolência e um deplorável senso de privilégio transnacional.
Quem acompanha a luta política sabe que não se trata apenas de litígios entre poderosos: é luta por quem manda no país. A direita nostálgica de privilégios e privatizações quer desmoralizar as instituições para acelerar seu projeto de retirada de direitos e venda do patrimônio público. Do outro lado, figuras como Moraes — imperfeitas, discutíveis, mas atuantes na defesa da ordem democrática — tornam-se alvos fáceis para uma campanha internacional coordenada por bilionários e políticos que não aceitam perder o cofre.
A tarefa dos democratas, dos movimentos populares e da esquerda é dupla: defender o Estado de direito e empurrar essa defesa para além do paliativo institucional. Lula e o PT precisam se posicionar como agentes de um projeto que fortaleça o público, as estatais e os direitos sociais, não apenas como gestores de crises. O tribunal fará seu trabalho; a sociedade precisa fazer o seu — denunciar a interferência estrangeira quando for anti-democrática, expor os que lucram com a desordem e organizar as forças para reconstruir o país sobre outra base: soberania, justiça social e democracia real.