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Tarifaço de Trump: entenda as tarifas de importação, quem paga a conta e para que servem

Desde que Donald Trump subiu ao trono de Washington, em janeiro, o lema “taxar até a alma do estrangeiro” virou política oficial. Mas, no fundo, quem enche o bolso com esse tarifão de até 50%? Quem carrega o peso desse imposto nas costas? E, afinal, o que se pretende com essa demonstração de protecionismo de feira?

O que são tarifas de importação?

As tarifas de importação são impostos cobrados sobre produtos que chegam de fora. Em tese, serviriam para proteger a “indústria nacional” e equilibrar a competição contra o exterior — aquele papo de proteger o emprego local. Na prática, porém, servem de instrumento político para pressionar aliados e adversários. Segundo Luciano Nakabashi, professor de Economia da USP, “o país que está importando aplica tarifas para proteger seus próprios produtores, que já pagam impostos internamente, e também para aumentar a arrecadação”.

Quem arca com a conta?

Na teoria, a empresa importadora é quem desembolsa o imposto ao governo que decretou a tarifa. Mas não se engane: quem paga mesmo é o consumidor final. Como nos lembra a economista Carla Beni, da FGV, “quando a empresa recebe a mercadoria, ela precisa pagar o imposto ao governo e acaba repassando esse custo ao distribuidor e ao varejo”. Resultado: consumidores americanos vão engordar ainda mais os cofres públicos enquanto sentem no bolso o aumento de produtos essenciais, como café e carne.

Para onde vai o dinheiro?

O imposto é federal e direto: entra no caixa do Tesouro dos EUA. Em outras palavras, Trump não está só “protegendo” fábricas, está recheando o orçamento americano para, quem sabe, bancar cortes de impostos para as grandes corporações — aliás, seus verdadeiros aliados. “Quando o governo americano sobe a alíquota, ele aumenta sua receita imediatamente,” confirma Carla Beni, desmontando qualquer ilusão de que essa medida seria em benefício do “cidadão comum”.

Por que Trump aplicou tarifas a tantos países?

A justificativa oficial é o fortalecimento da indústria nacional. Mas o protecionismo de Trump tem sotaque eleitoral e diplomático: é ferramenta de chantagem econômica. Ao impor tarifas astronômicas, o governo americano tenta arrancar concessões em negociações bilaterais e mostra os dentes contra rivais comerciais. A ameaça junto ao Brasil, por exemplo, foi vinculada a supostas “ameaças à segurança nacional” em retaliação a processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro — um espetáculo típico de quem mistura intervencionismo estatal e blá-blá-blá moralista.

E para o Brasil, o que muda?

O Brasil recebeu a tarifa de 50% como “prêmio” de maior agressividade, atingindo setores-chave: café, carne bovina, frutas e pescados. Mas Trump deixou na lista de exceções quase 700 itens, incluindo suco de laranja e aeronaves civis. No discurso oficial, o vice-presidente Geraldo Alckmin garantiu que “ninguém ficará desamparado” e prometeu socorro financeiro, alívio fiscal e crédito aos setores afetados. Restará mesmo aos estados — São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás — tocar emergencialmente pacotes de apoio para conter o desastre.

Em um mundo dominado por bilionários de direita e por presidentes que transformam o Estado em arma de guerra econômica, o “tarifaço” de Trump escancara a face autoritária do neoliberalismo: enquanto promete proteger o povo, atende aos interesses das grandes empresas e castiga o consumidor comum. A alternativa? Unir forças contra essa engrenagem conservadora que usa o protecionismo só para beneficiar os donos do poder, e lutar por um comércio internacional baseado na solidariedade, no respeito aos trabalhadores e na defesa das soberanias populares.

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