luta socialista

Lula recebe cúpula do Republicanos em almoço estratégico rumo à eleição de 2026

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe nesta terça-feira (19) no Palácio da Alvorada a cúpula do Republicanos em mais um capítulo da ampla costura política do governo. Estarão à mesa Marcos Pereira, presidente da legenda; Hugo Motta, presidente da Câmara; o líder do partido na Casa, Gilberto Abramo; e o ministro filiado Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos). O encontro sucede uma sequência de articulações semelhantes com PSD, MDB e União Brasil — uma óbvia movimentação em direção ao tabuleiro eleitoral de 2026, onde o PT busca ampliar sua influência e desarticular a retaguarda conservadora que ainda tenta recompor-se após as derrotas do bolsonarismo.

O objetivo é claro: expandir palanques, minar a velha máquina do Centrão quando conveniente e reunir forças para enfrentar projetos privatistas e entreguistas que servem aos bilionários. Lula sabe que não basta cantar a vitória; é preciso montar alianças que isolam a extrema-direita sem entregar o país aos interesses do mercado. É hora de costurar apoios sem abrir mão do projeto popular. Mas não espere ingenuidade por parte do Republicanos, que abriga o governador Tarcísio de Freitas em São Paulo — figura que caciques do Centrão já tentam empurrar como alternativa a Jair Bolsonaro, hoje inelegível por decisão do TSE.

Tarcísio evita dizer se será candidato, aguardando a transferência do capital político bolsonarista. Enquanto isso, o comando do Republicanos tem repetido sinais ambíguos; Marcos Pereira, tentando manter o equilíbrio entre poder e pragmatismo, deixou claro o posicionamento do partido. “A tendência é que a sigla apoie uma candidatura de centro-direita”, afirmou Marcos Pereira. Tradução: não querem se jogar nos braços do PT, mas tampouco descartam negociações conforme o vento eleitoral soprar. Ominister Silvio Costa Filho, como único integrante da sigla no Ministério, representa esse fio condutor entre governo e bancada — um fio que o PT sabe manipular com habilidade para conservar a governabilidade.

No Palácio, além de afinar acordos de curto prazo, conversa-se sobre como as bancadas podem influenciar rumos decisivos da política nacional. Lula inclusive cobrou atitude dos aliados em relação a episódios que ainda corroem a nossa democracia: “Deputados governistas têm que pedir cassação de Eduardo Bolsonaro”, disse Lula. Não é apenas uma questão de justiça; é de sinalizar que a luta contra a barbárie bolsonarista continua, dentro e fora do parlamento. Nessas articulações, o PT busca também blindar iniciativas progressistas e evitar que o país volte a ser presidido por ideias que promovem o ódio, a privatização e o desmonte das estatais.

Motivações e implicações políticas

Por detrás do protocolo e dos sorrisos fraternos, há um jogo estratégico: o governo quer isolar os extremos e construir uma frente ampla que mantenha a economia sob controle público, combata a erosão de direitos e enfrente a oligarquia que domina setores estratégicos. Para nós, militantes, isso significa aproveitar cada espaço de poder para fortalecer serviços públicos, defender as estatais e preparar terreno para um embate mais profundo contra o capitalismo predador que concentra renda em poucas mãos. A tarefa é derrotar a direita nos parlamentos, nas ruas e nas ideias.

O encontro com o Republicanos mostra que Lula não está apenas acumulando apoios; está construindo uma arquitetura política capaz de resistir às investidas privatistas e às chantagens do mercado. Resta saber até que ponto essas alianças vão até a reforma do sistema político e econômico — se mantém apenas como pragmatismo eleitoral ou se abrem brechas reais para avançar em transformações capazes de tocar os alicerces do poder conservador.

No final das contas, o almoço no Alvorada é mais do que foto oficial: é um teste. Teste de quem realmente quer um projeto popular e soberano, e de quem continuará a ser peça de um jogo de elites. Nós, do campo da esquerda, devemos vigiar, pressionar e empurrar cada acordo para a esquerda, sem medo de confrontar oportunismos. A batalha continua e a mobilização popular é o instrumento decisivo para transformar costura em conquista.

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