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Lula participa da cúpula da OTCA na Colômbia enquanto navios militares dos EUA ameaçam a Amazônia e a Venezuela

A postura firme do governo Lula na cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) em Bogotá não é mera diplomacia de gabinete: é parte de uma estratégia política para afirmar a soberania da região e enfrentar a agenda imperialista que não sossega. Enquanto o bolsonarismo e a extrema direita aplaudem entreguismo e privatizações, o Brasil do PT busca reconstruir uma política externa independente e articular proteção ambiental com justiça social. Lula já parte para a Colômbia como anfitrião da próxima COP 30 em Belém, articulando apoios e propondo mecanismos concretos para valorizar quem conserva florestas — e isso mexe com interesses poderosos, internos e externos.

Não é coincidência que, num momento em que o governo brasileiro tenta resgatar o protagonismo amazônico, navios de guerra ianques apareçam como se o Caribe fosse quintal da Casa Branca.

Navios americanos

A presença de embarcações militares dos Estados Unidos no sul do Caribe foi anunciada com a desculpa habitual: combate ao tráfico de drogas. Ora, quem acredita que Washington só age por motivos humanitários? É óbvio que operações militares em águas próximas à Venezuela — ainda que em alto-mar — funcionam também como demonstração de força e pressão política. O presidente venezuelano Nicolás Maduro não hesitou: “Os EUA se acham donos do mundo”, disse Nicolás Maduro, qualificando a mobilização militar como agressão imperialista e acusando Donald Trump de usar o pretexto do narcotráfico para intervir.

O Itamaraty e o governo brasileiro, por sua vez, avaliam que uma invasão direta é improvável. Mas a simples movimentação de forças estrangeiras perto de países amazônicos tensiona o cenário e exige resposta diplomática unida. Por isso a OTCA pode inserir na declaração final um trecho que reforce a soberania regional e proponha cooperação para combater crimes transnacionais — uma resposta diplomática elegante, porém necessária. Afinal, a região não precisa de tutores militares; precisa de políticas públicas e investimentos que fortaleçam seus povos e seus Estados.

Agenda em Bogotá

Lula aproveita a cúpula para costurar apoios para a COP 30 e para colocar no centro do debate a voz dos povos indígenas, comunidades tradicionais e cientistas. A programação inclui encontro com sociedade civil e reuniões privadas entre chefes de Estado dos países amazônicos — espaços essenciais para construir um bloco regional que privilegie desenvolvimento sustentável e soberania. A presença de ministros, como Mauro Vieira, dialogando com o chanceler venezuelano Yván Gil, mostra que Brasília quer evitar confrontos desnecessários e, ao mesmo tempo, reafirmar princípios soberanos.

O PT e Lula sabem que a luta pela Amazônia é parte da luta por um projeto popular e estratégico para o Brasil e para a região — não se resolve com discurso de mercado nem com dependência militar.

Fundo para proteger florestas

Um dos frutos esperados desse movimento diplomático é o impulsionamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que o Brasil pretende lançar na COP 30. A proposta é ambiciosa: transformar contribuições de países, empresas e entidades em aportes remunerados que recompensem quem conserva florestas, em vez de premiar o desmatamento. Na prática, criar instrumentos financeiros que alinhem capital com conservação — sob gestão pública e transparente, claro, nada de privatizações por trás do discurso ambiental.

“A contribuição ao fundo não vai ser uma doação, vai ser um investimento. Tanto as empresas quanto os países que fizerem aportes ao fundo vão ser remunerados anualmente com uma taxa competitiva de mercado”, afirmou Patrick Luna, chefe da Divisão de Biodiversidade do Ministério das Relações Exteriores.

Essa proposta precisa ser monitorada: como socialistas, defendemos que recursos e mecanismos financeiros sirvam ao bem comum, fortalecendo estatais, ciência pública e políticas de base. Não aceitaremos que instrumentos de preservação sejam capturados por fundos privados que transformem a floresta num produto financeiro a serviço de bilionários.

A cúpula da OTCA em Bogotá é, portanto, palco de disputa: entre soberania e tutelagem externa; entre um desenvolvimento que respeita povos e territórios e o lucro predatório; entre um projeto nacional-popular e as velhas garras do entreguismo. Lula e o PT podem e devem liderar essa virada. A dúvida que fica é: vamos permitir que o Caribe vire palco de intimidações ou vamos reagir com unidade e política, construindo instrumentos que protejam a Amazônia e a nossa autonomia?

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