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Prazo para defesa de Bolsonaro explicar descumprimento de medidas e risco de fuga acaba nesta sexta-feira

O prazo final para que a defesa de Jair Bolsonaro explique por que descumpriu as medidas impostas pelo Supremo Tribunal Federal termina nesta sexta-feira (22). A intimação do ministro Alexandre de Moraes é clara: 48 horas para justificar o que, para muitos, já é mais um capítulo de desobediência estratégica, condicionada a uma postura de confronto permanente com as instituições. Estamos diante de um réu que, mesmo cerceado por medidas cautelares, insistiu em manter a política do tumulto — e agora precisa responder formalmente por isso.

Determinação do STF

Moraes exigiu esclarecimentos sobre três pontos centrais: os reiterados descumprimentos das medidas cautelares; a repetição de condutas ilícitas; e o risco concreto de fuga. Segundo a Polícia Federal, há indícios de que Bolsonaro continuou a usar redes sociais e se comunicar com outros investigados mesmo depois da proibição do STF. Até um arquivo de texto que poderia ser usado para tentar obter asilo político na Argentina foi localizado pelos investigadores. Para completar o quadro, a PF apontou que, em um ano, Bolsonaro teria recebido R$ 30,5 milhões — outro dado que coloca em xeque a narrativa do “perseguido político”.

O que diz a defesa

A defesa afirmou que apresentará a manifestação dentro do prazo e negou quaisquer violações. “Os elementos apontados na decisão serão devidamente esclarecidos dentro do prazo assinado pelo ministro relator, observando-se, desde logo, que jamais houve o descumprimento de qualquer medida cautelar previamente imposta”, disse a defesa de Bolsonaro. Traduzindo: a estratégia é ganhar tempo e tentar transformar a própria contestação da ordem judicial em espetáculo público. Não é a primeira vez que isso acontece — é tática de militância bolsonarista, sempre com a mesma cartilha: desobediência, depois justificativa.

A farsa não pode se sustentar para sempre. Se a lei valer para todos, não pode haver privilégios para quem tenta chantagear a democracia com plateias e fake news.

Reincidência e prisão domiciliar

Em julho, após a imposição das medidas cautelares, Bolsonaro foi ao Congresso, reuniu apoiadores e falou à imprensa — ações que geraram postagens nas redes. Na ocasião, a defesa já havia negado descumprimento. Diante de novas transgressões em agosto, Moraes elevou a resposta: prisão domiciliar, medida que permanece em vigor em razão do uso irregular das redes sociais. A prisão domiciliar sinaliza para além de um gesto punitivo; é uma tentativa de conter a ação política que busca intimidar ministros e parlamentares.

As investigações

A Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo por coação contra autoridades brasileiras, acusando-os de uma atuação conjunta para intimidar ministros do STF e parlamentares e interferir no processo em que o ex-presidente é réu — com julgamento marcado para setembro. A investigação começou em maio, tendo Eduardo como alvo inicial, mas evoluiu ao identificar o alinhamento entre pai e filho. O relatório da PF descreve um padrão de conduta coordenada e direcionada a minar decisões judiciais.

Esses fatos mostram que o problema não é apenas a figura de um líder autoritário, mas uma máquina política com tentáculos: milícias digitais, mobilizações de piazada e um aparato jurídico que tenta transformar ilegalidade em argumento político. É hora de perguntar: quem paga por essa campanha de guerra midiática e jurídica? Quem financia as mentiras e as viagens? Enquanto isso, a direita que pratica esses golpes discute “perseguição” e “politização da justiça”, mesmo quando há indícios palpáveis de crime.

Ou a direita é derrotada nas ruas e nas urnas, ou seguirá tentando golpear a democracia. Não é retórica: é alerta político.

O momento exige vigilância e organização. Defender as instituições não é defesa burocrática; é defesa da possibilidade de disputa na política, do direito de os trabalhadores e a esquerda majoritária — com o PT e Lula na linha de frente desse novo ciclo de lutas — construírem uma alternativa que de fato rompa com o projeto dos bilionários e das privatizações. A hora é de pressionar por esclarecimentos, por justiça, e por um projeto popular que não negocie os avanços conquistados.

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