O ex-assessor do TSE Eduardo Tagliaferro virou, mais uma vez, símbolo da tropa de choque golpista que insiste em atacar as instituições brasileiras — agora com pedido de extradição em curso e uma denúncia pesada da Procuradoria-Geral da República. O ministro Alexandre de Moraes acionou o Ministério da Justiça em 14 de agosto para que sejam tomadas providências contra Tagliaferro, que se mudou para a Itália; o Ministério da Justiça encaminhou o pedido ao Itamaraty em 20 de agosto e informou Moraes, no dia 21, que tomou as providências para prosseguir com a extradição. Na sequência, a PGR denunciou o ex-assessor ao STF por uma série de crimes que não podem ser minimizados. Não se trata de “bafafá” midiático: trata-se de um ataque direto à democracia que precisa de resposta firme do Estado!
O cerne das acusações
A Procuradoria diz que Tagliaferro, enquanto ocupava a chefia da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, vazou diálogos e informações sigilosas mantidas com servidores do STF e do próprio TSE, com o objetivo de atrapalhar investigações e favorecer interesses de grupos antidemocráticos. Ele é acusado de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação sobre organização criminosa e até tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Em outras palavras: usou conhecimento privilegiado para alimentar uma máquina de fake news e sabotagem institucional.
A PGR foi explícita sobre as motivações que teriam orientado a conduta do ex-assessor. “Os elementos não deixam dúvida de que o denunciado, alinhado às condutas da organização criminosa responsável pela tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, bem como à divulgação de informações falsas, revelou informações confidenciais que obteve em razão do cargo ocupado, com o fim de obstruir investigações e favorecer interesse próprio e alheio”. — Paulo Gonet Essa é uma acusação que descreve não só crime individual, mas atuação em rede, conectada ao bolsonarismo e aos que vivem de paralisar o país com mentiras.
Não surpreende que, nas redes, Tagliaferro seja aplaudido por bolsonaristas: o show de horrores golpista tem plateia fiel. Segundo a PGR, os indícios reunidos pela Polícia Federal apontam que ele “atuou para atender a interesses pessoais e ainda os de um grupo que atua contra a democracia”. A fuga para o exterior não é inocente: é peça de um roteiro já conhecido de quem quer desestabilizar o Brasil e escapar às consequências.
“O alinhamento com a organização criminosa ficou claro com a saída Tagliaferro do país, atuando em conjunto com outros investigados que fugiram com o objetivo de ‘potencializar reações ofensivas contra o legítimo trabalho das autoridades brasileiras responsáveis pelas investigações e ações penais que seguem em curso regular’.” — Procuradoria-Geral da República
O procedimento no STF seguirá os trâmites previstos: a Corte abrirá prazo para que a defesa de Tagliaferro se manifeste sobre a denúncia e, depois, decidirá se o transforma em réu. Não há prazo fixado para esse julgamento — o que não deve ser desculpa para lentidão ou acomodação. A sociedade precisa vigiar, cobrar celeridade e transparência, e não permitir que manobras protelatórias ou passeios internacionais transformem accountability em impunidade.
Este episódio é prova cabal de que a batalha pela democracia não é apenas eleitoral nem meramente institucional: é política e ideológica. Enquanto a direita golpista tenta recompor-se com vazamentos e exílio, cabe a nós, das fileiras do povo e das esquerdas, fortalecer as instituições populares, defender as estatais, barrar privatizações e apoiar iniciativas que deem protagonismo às classes trabalhadoras. Lula e o PT surgem, aqui, não só como alternativa eleitoral, mas como atores que podem empurrar para frente uma nova etapa de luta anticapitalista — desde que saibamos pressionar e ampliar as candidaturas e políticas que vão realmente aos interesses da maioria.
A extradição e a responsabilização judicial de Tagliaferro não são um espetáculo para a elite: são instrumentos necessários para emparedar o bolsonarismo e suas redes. Que o processo sirva de alerta: quem ataca as instituições responderá por seus atos — no Brasil ou fora dele. E quem acha que a democracia é negociável, cuidado: nós estamos prontos para defender cada centímetro de republica conquistada!