A CPI/CPMI do INSS começa nesta semana para investigar um saque braçal nos benefícios de aposentados e pensionistas — um escândalo que expõe não só a ganância de sindicatos e associações predatórias, mas também as fragilidades deixadas pela política de desmonte do Estado promovida pela direita nos últimos anos. Não é só crime: é violência contra quem já trabalhou a vida toda! O Parlamento agora precisa responder: quem lucrava com esses descontos e por que o INSS deixou isso acontecer por tanto tempo?
O que aconteceu?
Em abril, operações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União revelaram um esquema de descontos irregulares nos benefícios do INSS entre 2019 e 2024. Foram cobradas mensalidades e até empréstimos consignados sem autorização — em muitos casos com assinaturas falsificadas. Mais de 5,4 milhões de beneficiários contestaram as cobranças, e o rombo estimado passa dos R$ 6 bilhões. Milhões de aposentados tiveram seus proventos reduzidos por cobranças que dizem não reconhecer.
Como essas fraudes funcionavam na prática?
O mecanismo era perverso e burocraticamente simples: entidades alegavam ser responsáveis por serviços e, por meio de Acordos de Cooperação Técnica (ACT) ou documentos falsos, conseguiam descontos automáticos na folha. Muitos beneficiários só perceberam ao checar extratos ou tentar cancelar supostas “associações”. Segundo a CGU, várias dessas organizações sequer tinham estrutura para prestar os serviços cobrados. A investigação começou na CGU em 2023 e, diante de indícios criminais, foi ampliada com a participação da Polícia Federal em 2024.
Quantos foram afetados?
Os números oficiais falam por si: mais de 5,4 milhões contestaram descontos, 97,8% afirmaram não reconhecer as cobranças, e mais de 1,9 milhão já aderiram ao ressarcimento. O estrago financeiro é bilionário e atinge o povo mais vulnerável do país — e isso exige responsabilização severa.
O que é a CPMI e o que ela pode fazer?
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito é um instrumento com poderes para convocar autoridades, requisitar documentos e apontar caminhos para mudanças legais. A CPMI do INSS tem prazo inicial de até seis meses e 32 titulares; foi instalada com presidente e relator já definidos. Cabe a ela ir além das manchetes: investigar quem se beneficiou, como houve falhas de controle e se gestores públicos — presentes e passados — têm responsabilidade. Não podemos aceitar que o assunto vire jogo partidário ou espetáculo midiático!
Como saber se você foi lesado e como pedir ressarcimento
Confira seu extrato no Meu INSS (app ou site) com CPF e senha gov.br, acesse “Extrato de benefício” e verifique descontos de mensalidades associativas. Quem tiver dificuldade pode procurar uma agência dos Correios. Para contestar, abra o pedido pelo próprio app, selecionando “Consultar Descontos de Entidades Associativas”, marque se autorizou ou não e envie. O prazo para contestação vai até 14 de novembro de 2025; a adesão ao acordo segue depois. Se aparecer exigência no “Consultar Pedidos”, clique em “Cumprir Exigência” e aceite o recebimento para agilizar pagamento.
A CPI/CPMI precisa cumprir seu papel — e a esquerda só terá força se transformar essa investigação em instrumento de defesa do Estado e das estatais, contra as tentativas neoliberais de privatizar a Previdência e enxugar proteção social. Enquanto isso, quem tentou lucrar com a miséria dos aposentados deve ser exemplarmente punido. Lutemos para que o resultado não seja apenas boletim de jornal, mas reformas que fortaleçam fiscalização, proteção ao beneficiário e um INSS público, robusto e inviolável!