O recado veio em tom objetivo e com aquele sorriso que tira o sossego da direita: Lula reuniu todo o ministério para apertar o passo até 2026. Não é só rotina administrativa — é preparação política e social para manter os avanços e enfrentar quem já mastiga o poder como se fosse herança. Enquanto a direita se organiza em candidaturas regionais e em esquemas midiáticos para ressuscitar ilusões golpistas, o Planalto faz o serviço concreto: cobrar resultados, projetar entregas e tentar transformar promessas eleitorais em políticas públicas que melhorem a vida do povo.
Eleições de 2026
A reunião ministerial convocada por Lula ocorre com pouco mais de um ano para as urnas — tempo suficiente para quem tem plano e força de vontade. Todos os 38 ministros foram chamados a avaliar propostas e definir entregas para os próximos 16 meses. “Se não chegam ao presidente, as coisas não acontecem”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a necessidade de os ministros comunicarem problemas. E não foi só isso: “não tem mais muito tempo”, avisou ele, cobrando celeridade. O presidente, que terá 80 anos em outubro e já caminha para o terceiro mandato, tem repetido que voltará a disputar se a saúde permitir. A provocação política? “Imagina se tiver o quarto”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto a direita busca nomes — Tarcísio, Ratinho, Zema, Caiado — para ocupar um vazio que o bolsonarismo deixou, o PT aposta em transformar gestão em programa e conquistar eleitoralmente os setores populares que sempre sustentaram o projeto.
Prioridades do governo
No cardápio de medidas que o Planalto quer emplacar até 2026, há itens concretos e de alto impacto social: isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, lançamento do programa Gás para Todos, PEC da Segurança, regulação das big techs e aceleração das entregas do PAC. O jogo é simples: transformar promessa em direito e, de passagem, enterrar o discurso de que estado é vilão.
O projeto que amplia a faixa de isenção do IR para R$ 5 mil — promessa de campanha — já avançou em comissão e aguarda votação no plenário. A conta é pesada: R$ 25,8 bilhões em 2026, daí a proposta de compensação com tributação progressiva para rendas muito altas. A Câmara tem jogo político pela frente; o relator Arthur Lira sinaliza que só colocará a matéria em votação após acordos de lideranças, evitando que a proposta saia desfigurada.
O Gás para Todos, previsto para setembro, é aposta clara de popularidade: 17 milhões de famílias cadastradas no CadÚnico, benefício exclusivo para compra do botijão e valor regionalizado para revendedoras. Se o gás chega à mesa, a política vira sentimento — e eleição também.
A PEC da Segurança ainda precisa vencer divergências sobre competência da União, e o Planalto já prepara leis para regular as big techs, tanto no conteúdo quanto na concorrência, obrigando plataformas a maior transparência com criadores e a proteção de imagens públicas contra golpes.
Por fim, o PAC — vitrine de infraestrutura do governo — sofre com cortes e bloqueios. O TCU mostrou que mais da metade das obras mapeadas estão paralisadas: 50,7%, com educação e saúde concentrando 70% das interrupções. Isso é grave e exige resposta rápida para que promessa não vire frustração.
O desafio à frente é político e administrativo: derrotar a direita nas urnas passa por derrotá-la no debate e nas ruas, mas também por entregar políticas que mexam com a vida das pessoas. Lula e sua base dizem que sabem disso; o resto do país espera que não seja só discurso. A hora é de cobrar eficácia dos ministros, mobilizar as bases sociais e transformar essas promessas em conquistas reais — porque o país não precisa de retórica vazia, precisa de poder popular em ação e de um projeto que ameace, de fato, os interesses dos bilionários e das privatizações. Quem ainda acha que a política é só espetáculo, vai ter que engolir gestão. E, como já disse o próprio presidente, os adversários “já estão em campanha” — o que resta a nós é organizar, disputar e vencer.