Na manhã desta terça-feira, no Palácio do Planalto, Lula reuniu sua tropa ministerial para reforçar o que todo mundo alinhado com soberania nacional já sabia: o governo vai bater pé onde for preciso — no comércio, nas redes sociais e até contra donos de império que se acham acima das leis. A cena dos ministros com bonés azuis — e a frase pintada na cabeça do discurso — deixou claro o recado: a direita golpista que sonha com subalternidade terá de engolir a resistência popular.
“Somos um país soberano, temos uma Constituição, temos uma legislação, quem quiser entrar nesses 8,5 milhões de quilômetros quadrados… tem que prestar contas à nossa Constituição e à nossa legislação” — Lula. O Brasil é dos brasileiros. Foi a mensagem do presidente, acompanhada de uma advertência que não admite meias-palavras: “O que não estamos dispostos é sermos tratados como se fôssemos subalternos” — Lula.
No front externo, Lula não poupou Donald Trump nem as chamadas big techs. Chamou as ações do ex-presidente norte-americano de imperiais e perigosas, e confirmou a intenção de enviar ao Congresso um projeto para regular as gigantes digitais. “[Trump] tem agido como se fosse o imperador do planeta terra. É uma coisa descabida” — Lula. A crítica foi também um recado prático: empresas estrangeiras que operam no Brasil terão de respeitar nossa legislação e soberania.
Quando o assunto é Gaza, Lula manteve sua postura firme e humana — denunciando o que chamou de genocídio em curso. “Temos a continuidade do genocídio na Faixa de Gaza, que não para, todo dia mais gente morre” — Lula. Isso gerou mais atritos com Israel: o Ministério das Relações Exteriores israelense anunciou o rebaixamento nas relações e o ministro da Defesa, Israel Katz, partiu para o ataque pessoal. “Lula é antissemita, apoiador do Hamas” — Israel Katz. Frases vazias e caluniosas que tentam confundir críticas legítimas a crimes de guerra com preconceito; a esquerda precisa responder com firmeza e solidariedade às vítimas palestinas, sem recuar diante de difamações.
No capítulo das relações internacionais, Lula também foi direto sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia, sugerindo que a escalada está próxima do limite e que atores como EUA e UE calculam custos e responsabilidades. E na ponta interna da crise bolsonarista, o presidente chamou Eduardo Bolsonaro de traidor da pátria e acusou o clã de operar em solo americano para sabotar a justiça brasileira. “O que está acontecendo hoje no Brasil com a família do ex-presidente… é, possivelmente, uma das maiores traições que uma pátria sofre” — Lula.
Equipe e prioridades
A reunião mostrou que o governo está em modo de entrega e disputa: 38 ministros alinhados, pacotes de obras do PAC, propostas sociais e o projeto de isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil. Também há preocupação prática com o chamado tarifaço dos EUA — o governo aumenta a busca por novos mercados para reduzir o aperto norte-americano. Sobre a suspensão do visto do ministro Ricardo Lewandowski, Lula não se acanhou: “Foi um gesto irresponsável” — Lula. E no meio do protocolo, o vice Alckmin até tirou o boné para uma piada: “Eu acredito que é dos carecas que elas gostam mais” — Geraldo Alckmin.
O cenário eleitoral do próximo ano já está no radar: reeleição à vista, campanha para ser construída e oposição bolsonarista tentando ressuscitar velhos fantasmas. Lula orientou os ministros a subirem ao ringue público para defender soberania e políticas populares. Não aceitaremos sermos subalternos a interesses estrangeiros nem à sanha privatista dos barões do capital.
A conversa no Planalto foi, portanto, mais que um alinhamento burocrático: foi um chamado à mobilização democrática. Para quem luta por um projeto popular, restou claro que a batalha será em todos os campos — diplomático, legislativo e cultural — e que não há espaço para acomodação diante do revanchismo da direita. A defesa do país, das estatais e da justiça social segue sendo a nossa prioridade, e quem quiser enfrentar essa agenda encontrará resistência organizada e determinado projeto popular.