luta socialista

Moraes determina monitoramento integral de Bolsonaro por risco real de fuga

O ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal determinou reforço no monitoramento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar e é monitorado por tornozeleira eletrônica. A medida manda a Polícia Penal do Distrito Federal acompanhar em tempo real o endereço onde Bolsonaro está, por risco de fuga — um risco que não surge do nada, mas da trama aberta por sua família política e suas alianças internacionais. O país assiste a mais um capítulo de uma direita que não aceita perder e tenta, pelos bastidores e pelo Império, reescrever as regras da República.

O que motivou a decisão

Moraes justificou a decisão citando a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, onde tenta mobilizar autoridades contra o Judiciário brasileiro e buscar impunidade para os responsáveis pelo golpe. Em suas palavras: “Nesse sentido, as ações incessantes de EDUARDO NANTES BOLSONARO, estando inclusive localizado em país estrangeiro, demonstram a possibilidade de um risco de fuga por parte de JAIR MESSIAS BOLSONARO, de modo a se furtar da aplicação da lei penal” — ministro Alexandre de Moraes. A Procuradoria-Geral da República já havia se posicionado favoravelmente ao monitoramento integral, também apontando risco de evasão. Enquanto isso, a defesa do ex-presidente, claro, nega irregularidades: “nega qualquer violação das cautelares” — defesa de Jair Bolsonaro.

A polícia foi orientada a agir de forma discreta, sem espetáculo midiático, mas sem compactuar com planos de fuga nem com intimidações. Não se trata de perseguição política: trata-se de proteção da ordem democrática contra quem tentou derrubá-la. O reforço também tem relação com a proximidade do julgamento em que Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado, com sessões extraordinárias programadas para o início de setembro.

As ramificações internacionais e a tentativa de impunidade

Não é mera coincidência que, ao mesmo tempo em que tentam obstruir a Justiça no Brasil, lideranças bolsonaristas corram para pedir intervenção estrangeira. “[O julgamento é] uma caça às bruxas”, disse Donald Trump ao justificar medidas econômicas contra o Brasil, numa mistura de chantagem e conivência antidemocrática — e, por que não dizer, interesse econômico das elites. Eduardo Bolsonaro, por sua vez, aparece como articulador dessa frente externa, segundo as investigações, numa tentativa clara de salvar sua família política da responsabilização.

O sistema de tornozeleira e a vigilância não são privilégios; são instrumentos de aplicação da lei quando as evidências apontam para riscos concretos. O STF também determinou que a Secretaria de Segurança do DF seja oficiada para medidas cabíveis e intimou os advogados do réu, além de encaminhar autos à PGR para manifestação em cinco dias sobre pendências do processo.

Descobriu-se ainda uma minuta de pedido de asilo à Argentina no celular de Bolsonaro, informação que alimenta a suspeita de plano de fuga e que a PGR terá de analisar junto com possíveis descumprimentos das cautelares, como o uso indevido das redes sociais e contatos destinados a coagir autoridades do processo.

A narrativa de vitimização que a direita tenta montar — de que o Judiciário persegue seus ídolos — esbarra na realidade dos fatos: houve tentativa de golpe e há empenho institucional em garantir que a lei alcance quem a atacou. O que se vê é também um jogo de guerra midiática e diplomática orquestrado por quem não aceita que as urnas e a Constituição sejam soberanas.

Este episódio deixa claro algo óbvio para quem vive das lutas populares: derrubar o bolsonarismo exige mais do que exposição em redes ou derrotas eleitorais. Exige organização, apoio às instituições democráticas e a luta por um projeto popular que realmente enfrente a oligarquia e seus tentáculos. Lula e o PT, por mais falhas que tenham, hoje representam uma frente central nessa nova etapa da disputa. É preciso somar forças para que a justiça não vire espetáculo e para que a renovação democrática avance contra a fúria reacionária.

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