luta socialista

Eduardo Bolsonaro e o plano de anistia para viabilizar candidatura à Presidência em 2026

Desde que a Polícia Federal revelou mensagens em que Eduardo Bolsonaro sugeria uma “anistia light” ao pai, o tabuleiro político da extrema direita virou uma trama entre chantagens, acordos de família e jogadas de bastidor dignas de novela barata. Enquanto isso, o Brasil real segue nas garras de quem quer transformar a impunidade em política de Estado. Eduardo, que está nos Estados Unidos desde março, parece mais preocupado em negociar salvo-condutos do que em prestar contas à Justiça — e alguns aliados não fazem segredo: ele só voltaria ao país depois da aprovação da anistia, segundo um deles. “Ele só voltaria ao Brasil após a aprovação da anistia”, disse um aliado do deputado ao blog.

O plano da família Bolsonaro

A ideia é simples e nojenta: limpar a barra dos criminosos, recuperar o jogo político da família e emplacar um nome de confiança no palanque de 2026. A estratégia envolve a famosa PEC das prerrogativas — uma tentativa de pavimentar no Congresso o caminho para a anistia — e até um plano B que prevê a saída de Eduardo do PL caso Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, chegue para ocupar a vaga de candidato da sigla. Como explicou Paulo Figueiredo à colunista Bela Megale, há movimentos para realinhar legendas em função dessas ambições de família. Resultado prático? Uma operação para transformar o Congresso num balcão de perdões personalizados.

A própria magistratura entrou no roteiro. O ministro do STF Luis Roberto Barroso foi claro ao rebater esperanças de tramóias jurídicas: “anistia antes do julgamento é ‘uma impossibilidade’. Mas que, depois da deliberação, o tema ‘passa a ser uma questão política’.” Traduzindo: a lei eleitoral e a Constituição podem vigorar, mas se o processo for favorável aos Bolsonaro, aí tudo vira jogo político — e aí começam os acordos imorais.

A ofensiva não é só legal: é uma tentativa de normalizar o crime político como estratégia eleitoral. A Polícia Federal já indiciou Eduardo por coação para atrapalhar o andamento do julgamento sobre a tentativa de golpe — e investigadores consideram que, se retornasse, dificilmente evitaria uma prisão. Mas isso pouco importa para os estrategistas da extrema direita, cuja prioridade é manter o controle familiar sobre a narrativa e sobre os instrumentos do Estado.

Enquanto a família trama, a opinião pública dá a resposta que incomoda o bolsonarismo: pesquisas mostram Lula disparado na frente. A mais recente Quaest indica que o presidente petista venceria todos os adversários potenciais em 2026: 43% a 35% contra Tarcísio e 47% a 32% contra Eduardo. Ou seja, por mais que os Bolsonaro queiram transformar a política em um balcão de perdões, nas urnas a rejeição ao projeto autoritário persiste. Os números mostram que o Brasil prefere democracia e direitos a impunidade e conluio familiar.

A cena é grotesca: um clã que enfeitiçou parcelas do eleitorado pretende agora transformar o Congresso em máquina de benzimento jurídico para escapar de responsabildades. Eduardo dá entrevistas em Washington, posa de exilado estratégico e manda recados via intermediários, enquanto amigos e cúmplices tentam costurar saídas que preservem seu verticalismo familiar. É a política reduzida ao nível do balcão: quem paga, quem dá o salvo-conduto.

O desafio para quem luta por um Brasil democrático e socialmente justo é duplo: derrotar politicamente essa direita destrutiva — desmantelar suas estruturas de poder, impedir que a anistia vire moeda de barganha — e, ao mesmo tempo, fortalecer um projeto popular que converta a recuperação democrática em políticas públicas reais. Lula e o PT, por ora, aparecem como a parede contra essa ofensiva antirrepublicana; cabe à esquerda organizá-la para além das urnas, na mobilização e na defesa das instituições. Se a direita pensa que saltos de bastidores e acordos familiares vão impedir a retomada do país, que se prepare para a resistência. Quem ataca a democracia encontra luta — e não anistia — pela frente.

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