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Advogado de Carla Zambelli espera decisão dos juízes italianos sobre prisão até sexta-feira

Carla Zambelli passou por audiência nesta quarta-feira (27) no Tribunal de Apelações de Roma em meio ao trâmite que decidirá se a deputada continuará detida enquanto a Itália aprecia o pedido de extradição feito pelo Brasil. A sessão serviu para repetir atos de resistência midiática da extrema-direita: advogados apresentando defesas, peritos estatais falando rapidamente e juízes italianos avaliando a delicada ponte entre o direito internacional e as pressões políticas vindas de Brasília. É sobre isso — se ela permanecerá presa — que a Justiça italiana deve se pronunciar nas próximas 24 a 48 horas.

Audiência e os argumentos da defesa

Na saída da audiência, o advogado de Zambelli, Fabio Pagnozzi, transmitiu confiança, afirmando que a Corte dará sua resposta em curto prazo. “Eles vão dar a resposta entre 24 e 48 horas se mantêm ou não a prisão administrativa”, disse Pagnozzi, tentando transformar a incerteza judicial em expectativa pública. A defesa também recorreu a argumentos práticos: que Zambelli não teria meios para fugir porque suas contas foram bloqueadas e que não possui passaporte europeu.

“Ela não tem nem passaporte italiano, nem passaporte brasileiro e não tem dinheiro porque o Alexandre de Moraes [ministro do STF] bloqueou as contas dela e do marido. Então, ela não tem como ir para outro lugar”, afirmou o advogado, em tradução livre. Em paralelo, os defensores apresentaram pedido de soltura com base em questões de saúde e na alegação de que o governo brasileiro não teria solicitado prisão preventiva, tentando construir uma narrativa de fragilidade e ilegalidade processual.

Também houve menção à perícia do Estado italiano, cujo representante falou rapidamente sobre o caso. “O responsável pela perícia feita pelo estado italiano falou por cerca de dois minutos e disse que Zambelli ‘pode continuar em cárcere, não teve porque, como ou onde'”, relatou a defesa sobre a fala do perito, que pouco justificou e muito deixou ao critério dos magistrados.

Contexto jurídico e político

A decisão italiana precisa considerar não apenas o pedido de extradição apresentado por autoridades brasileiras — baseado em condenações no Supremo Tribunal Federal (STF) — mas também a interpretação do Tratado de Extradição entre Itália e Brasil. A Corte Suprema da Itália já deixou claro que um pedido de prisão constante na lista vermelha da Interpol equivale a um pedido de prisão internacional, e o artigo 13,2 do tratado introduz essa equivalência expressa entre alerta da Interpol e aplicação de medidas cautelares.

Do lado político, o caso não pode ser dissociado do cenário brasileiro: Zambelli foi condenada por decisões do STF, deixou o país logo após a sentença e acaba detida no exterior. O mandado de prisão foi expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, após a condenação por invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O episódio alimenta a retórica de ódio da bolha bolsonarista — sempre pronta a transformar qualquer medida legal em narrativa de perseguição — enquanto exige que as instituições democráticas reajam com firmeza técnica, não com espetáculo.

Os advogados de Zambelli declararam, ao final da sessão, esperar a liberdade da deputada “a qualquer momento”. “Esperamos que ela seja solta a qualquer momento”, disseram os defensores, numa versão clean e otimista que soa mais como estratégia midiática do que prognóstico forense.

A definição nos próximos dias testará a capacidade da Justiça italiana de resistir a pressões políticas externas e, ao mesmo tempo, colocará em evidência a hipocrisia das lideranças de direita que pregam impunidade seletiva e clamam liberdade quando a lei os atinge. Enquanto isso, a sociedade brasileira observa — e a batalha política interna continua, com Lula e o campo progressista sendo chamados a consolidar instituições e resistir a tentativas de impunidade que corroem a democracia. O veredito italiano será mais um capítulo dessa disputa, e independente do resultado imediato, o enfrentamento contra as forças que defendem bilionários e privatizações só aumenta a necessidade de organização e luta pelo fortalecimento do Estado democrático e das estatais como instrumentos populares.

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