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Lula recebe presidente do Panamá no Planalto para fortalecer comércio e soberania econômica

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta quinta-feira (28) no Palácio do Planalto o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, dando sequência a uma rodada diplomática intensa que mistura pragmatismo comercial e política externa com ambição estratégica. É o terceiro chefe de Estado recebido por Lula neste mês — depois de Daniel Noboa, do Equador, e Bola Tinubu, da Nigéria — numa clara aposta em diversificar mercados num momento em que o mundo sofre as convulsões da guerra comercial norte-americana. Enquanto a direita chora pelo “livre mercado” seletivo, Lula abre portas e negocia soberania econômica.

Brasil e Panamá: comércio, infraestrutura e soberania

No encontro, que já vinha sendo costurado desde julho, Mulino renovou o interesse do Panamá em investir em turismo e em infraestrutura portuária — áreas vitais para uma logística que conecte o Brasil ao Caribe e à Ásia. Também houve manifestações de interesse na compra de aeronaves da Embraer, um tema que toca diretamente nossa soberania tecnológica e industrial. Em 2024, a corrente de comércio entre Brasil e Panamá atingiu US$ 934,1 milhões, com superávit para o Brasil; nossas exportações seguem concentradas em petróleo e produtos manufaturados.

A visita ocorre em contexto complicado: desde 6 de agosto, produtos brasileiros enfrentam sobretaxas de 50% no mercado norte-americano, parte da escalada protecionista alimentada pelo governo Trump. Diante dessa “guerra comercial”, o Planalto acelera tratativas com parceiros alternativos — uma estratégia óbvia para qualquer governo que não queira ficar refém das barbaridades econômicas do imperialismo. Não se trata apenas de vender mais: trata-se de construir autonomia financeira e geopolítica.

“Países ricos usam combate ao crime como pretexto para violar soberania”, disse Lula, lembrando que a retórica punitivista muitas vezes camufla interesses econômicos e estratégicos. Essa observação é um recado direto à hipocrisia das potências que aplicam medidas protecionistas e, ao mesmo tempo, exigem alinhamento político dos seus parceiros.

O presidente panamenho, por sua vez, tem enfatizado as oportunidades de cooperação em portos e turismo, e o diálogo com o Brasil também envolve perspectivas para a logística regional — essencial num hemisfério que sofre com cadeias produtivas fragilizadas e com a transferência de capitais para paraísos fiscais. Não por acaso, o Panamá surge como interlocutor relevante para um projeto brasileiro que pensa integração sul-americana e fortalecimento das empresas nacionais.

COP30: Belém na agenda e as contradições do financiamento

Além da pauta bilateral, Lula aproveitou para reforçar convites para a COP30, que ocorrerá em Belém em novembro. O governo tenta construir um mecanismo para que países ricos financiem a preservação de florestas — uma reivindicação justa e urgente diante da emergência climática, e também parte da batalha por justiça climática onde o Sul exige reparações e apoio real, não promessas vazias.

Há, entretanto, queixas das delegações estrangeiras sobre preços de hospedagem em Belém — um problema logístico que o governo aposta resolver a tempo para garantir boa representação internacional. Nada que escuse a necessidade de organização e firmeza: proteger a Amazônia exige planejamento e disposição para enfrentar interesses dos grandes emissores e dos mesmos grupos que lucram com destruição ambiental.

Lula e o PT são, para nós da Luta Socialista, atores centrais nesse momento — não apenas como alternativa eleitoral, mas como força que pode empurrar o país para uma etapa mais firme de luta anticapitalista, estatização consciente e defesa das estatais. É preciso combinar diplomacia de resultados com políticas internas que ataquem as oligarquias, reindustrializem o país e garantam que acordos como os discutidos com o Panamá não se transformem em meras janelas para o capital externo pilhar nossas riquezas.

A recepção de Mulino no Planalto é, portanto, mais do que protocolo: é parte de uma ofensiva diplomática e econômica que precisa ser aprofundada com clareza de classe e soberania. Enquanto a direita insiste em soluções simplistas e privatistas, o governo Lula tem a obrigação — e a oportunidade histórica — de virar o jogo a favor do povo brasileiro e do interesse nacional. O desafio agora é transformar apertos de mão em políticas concretas que beneficiem trabalhadores, preservem a Amazônia e ponham o Brasil no rumo de maior independência perante os poderosos.

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