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Fux deve divergir de Moraes, mas ministros apostam que julgamento no STF será concluído em setembro

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal caminha para um momento decisivo: os ministros acreditam que o julgamento do chamado núcleo central da trama golpista — o processo que envolve Jair Bolsonaro e sete aliados — deve ter seus votos concluídos ainda em setembro. Caso haja surpresa e alguém peça vistas, os magistrados estimam que há tempo suficiente para que tudo se encerre até dezembro, respeitando o prazo de 90 dias para devolução dos autos. O calendário importa, claro, mas o que realmente está em jogo é a resposta institucional ao autoritarismo que tentou rasgar a Constituição. Quem vai ceder à pressão política e quem manterá o rumo do direito e da democracia?

Calendário e apostas

Entre os cinco ministros da Primeira Turma — Alexandre de Moraes (relator), Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux — o nome que aparece como o único capaz de pedir vista é o de Luiz Fux. Tecnicamente, os colegas avaliam que não haveria motivos jurídicos para um pedido, já que Fux participou das fases de instrução e dos interrogatórios. Ainda assim, política é política: não seria surpresa ver uma jogada para ganhar tempo ou acalmar alguns setores do establishment. Não podemos esquecer: tempo é espaço político. Cada dia que a direita ganha para respirar é um dia a mais para seus arregos e narrativas mentirosas.

As previsões internas são claras: se não houver vista, setembro fecha o julgamento; se houver, dezembro é o prazo provável. E atenção — a Primeira Turma é colegiado de julgamento definitivo nesse caso, sem recurso ao plenário pleno de onze ministros. Ou seja, o veredito que sair ali tende a ser, para o bem da democracia, um ponto de chegada, não apenas de passagem.

Votos divergentes

Luiz Fux já deixou claro, em episódios anteriores, que tem divergências de mérito com Alexandre de Moraes. Em julgamentos menores, por exemplo, defendeu pena mais branda para Débora dos Santos, a pichadora da estátua da Justiça; votou contra medidas cautelares como tornozeleira e proibição de uso de redes sociais para Bolsonaro, alegando ausência de indícios de fuga ou de risco concreto. Ele também questionou a delação de Mauro Cid — ponto que serviu de munição para jornalistas e apoiadores do ex-presidente.

Essas divergências foram comemoradas pela tropa bolsonarista nas redes, claro — comemorar contra a democracia virou hobby entre os que perderam as eleições. Mas comemorações de clique não mudam fatos: nem um voto menos duro tira da acusação o conjunto probatório que pesa sobre o grupo investigado. Mesmo com um eventual voto mais brando de Fux, reconhecem os próprios seguidores do ex-presidente, isso dificilmente bastará para inocentá-lo.

A política por trás do tribunal não pode ser subestimada: alguns ministros são alvos de ataques diários da direita raivosa, enquanto outros enfrentam a pressão para “moderar” posições. Mas as instituições têm resistência — e a sociedade precisa continuar atenta, pressionando a favor da punição dos que atentaram contra o Estado democrático.

O que está em jogo não é apenas a pena de um chefe de quadrilha política, é o teste de força entre um projeto autoritário desestabilizador e a resposta republicana. Nós, que lutamos por mudanças profundas e pelo enfraquecimento das elites que saqueiam o país, vemos nesse julgamento uma etapa crucial. Lula e o PT foram derrotados na arena ideológica por muito tempo, mas hoje estão no centro de uma nova fase de luta anticapitalista no Brasil — não apenas como alternativa eleitoral, mas como instrumento para reverter políticas neoliberais e recompor o serviço público, as estatais e a soberania nacional.

Se o tribunal fizer seu trabalho com coragem, estará contribuindo para enterrar de vez a tentativa de golpe. Se ceder, o recado será perigoso. A hora é de acompanhar cada voto, cada justificativa e cada manobra — e de voltar à rua se for preciso, com organização popular e firmeza democrática. Afinal, a derrota definitiva da direita só virá com luta política consistente, não com aplausos digitais.

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