luta socialista

Tarcísio mobiliza líderes do Centrão para garantir pauta da anistia e tentar blindar Bolsonaro

Vivemos dias em que a política parece um leilão de impunidade: de um lado, um ex-presidente marcado por tentativa de golpe que busca qualquer fresta para escapar da Justiça; do outro, uma base de direita e do Centrão pronta para trocar favores e indultos por projetos que garantam a sobrevivência política de seus caciques. No meio dessa barganha está Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, cujo namoro com a anistia e com os grupos que defendem o indefensável revela o que sempre soubemos: a direita brasileira prefere blindar seus próprios criminosos do que responder pelos ataques à democracia.

O tabuleiro da anistia

A articulação para retomar a proposta de anistia ganhou tração após declarações públicas e encontros entre figuras-chave do bloco conservador. “A proposta da anistia voltará a ser prioridade do partido e deve levar o tema para discussão na reunião de líderes,” disse Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara, expondo o plano com a franqueza de quem acha política uma negociação de balcão. O governador Tarcísio aparece como articulador: promete conversar com o presidente da Câmara, Hugo Motta, e com líderes do Centrão, buscando transformar o que é, na essência, um perdão aos golpistas, em projeto de lei.

Em rede social, o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, oficializou o teor da agenda com a naturalidade de quem marca almoço de negócios: “Café da manhã com o nosso governador Tarcísio de Freitas. No cardápio do dia: anistia,” postou ele. Não é preciso muita imaginação para entender que esse cardápio não inclui a defesa do Estado de direito.

A direita quer salvar seu chefe, não a democracia! Essa é a essência do movimento: blindar Bolsonaro e os aliados que tentaram, com violência e mentiras, desmontar instituições para preservar seus privilégios. Os encontros entre Tarcísio e Bolsonaro — inclusive visitas a quem cumpre prisão domiciliar — alimentam a suspeita de um acordo obscuro, um mercadejo político onde um indulto vira moeda de troca por futura lealdade.

Reação do governo e o jogo eleitoral

Do outro lado, integrantes do governo Lula observam com preocupação e desdém essa tentativa de reescrever impunemente o passado. No Palácio, há quem associe as conversas à perspectiva eleitoral de 2026: um indulto como preço por apoio na corrida presidencial do governador paulista. Mais claro foi o próprio Tarcísio ao dizer que, se fosse presidente, seu primeiro ato seria conceder indulto a Bolsonaro. “Seu primeiro ato como presidente da República seria dar um indulto a Bolsonaro,” declarou Tarcísio em entrevista, deixando explícito a quem serve a sua ambição.

A resposta no campo progressista foi dura. “Candidato fantoche que só pensa em servir aos interesses do seu chefe,” classificou Gleisi Hoffmann, ministra de Relações Institucionais, sobre Tarcísio, acrescentando que ele não respeita a Justiça e o Estado de direito. Enquanto isso, lideranças da oposição reafirmam o óbvio: “Qualquer candidato da direita dará indulto ao Bolsonaro,” alertam, prevendo que a tática de anistia é mais ampla e visa proteger um projeto de poder reacionário.

Não aceitaremos anistia para golpistas! A luta contra essa manobra não é apenas jurídica, é política e moral. Defender o Estado de direito é defender a possibilidade de um país onde eleições valham e crimes cometidos por altos mandatários não sejam varridos para debaixo do tapete por acordos entre elites.

Se a anistia voltar à pauta na reunião de líderes, caberá à sociedade e às forças democráticas pressionar com força: manifestar, votar, ocupar espaços públicos e exigir que o Congresso não se transforme num tribunal de exceção para os que atacaram a República. A batalha pela memória e pela justiça continua — e a direita, disfarçada de governabilidade, não pode ganhar esse round.

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