luta socialista

Moraes autoriza visita de Arthur Lira a Bolsonaro em prisão domiciliar e expõe costuras da extrema-direita

A autorização dada pelo ministro Alexandre de Moraes para que Arthur Lira visite Jair Bolsonaro em prisão domiciliar expõe, em plena luz do dia, as costuras que ainda mantêm a extrema-direita respirando e os acordos de bastidor que teimam em sobreviver mesmo com o país virado de cabeça para baixo. A visita, autorizada para ocorrer até as 18h desta segunda-feira (1º), é mais um capítulo da saga de impunidade e conchavos políticos — e não nos enganemos: é também um sinal de alerta para quem acredita que a direita se desintegrou após as derrotas eleitorais e judiciais.

O despacho de Moraes deixa claro o que é permitido e o que não é: “DEFIRO a AUTORIZAÇÃO DE VISITA de Arthur César Pereira de Lira, Deputado Federal, no dia 1/9/2025, até às 18h00, com a observância das determinações legais e judiciais anteriormente fixadas. RESSALTO que, nos termos da decisão de 30/8/2025 acima referida, serão realizadas vistorias nos habitáculos e porta-malas de todos os veículos que saírem da residência do réu” — decisão assinada por Alexandre de Moraes. A exigência de revista aos veículos é necessária, mas não transforma em inocente o fato político: permitir encontros entre políticos que integraram o mesmo arco golpista e o suposto mentor das tentativas de ruptura institucional é abrir espaço para conversas que o país não deveria tolerar. Como esperar transparência se até as visitas ocorrem por entre tramites autorizados num jogo de poder?

Arthur Lira, que presidiu a Câmara entre 2021 e 2024 e foi um aliado de Bolsonaro durante a campanha de 2022, disse ao g1 que a iniciativa do encontro teria partido dele. “A ideia da visita partiu de mim”, disse Arthur Lira ao g1. Não informou o motivo. Conveniente, não? O mesmo político que apoiou o bolsonarismo e navegou entre interesses conservadores continua a exercer seu papel de beija-mão das oligarquias e negociador de salvação política quando convém. Lira nunca foi uma figura neutra: sua trajetória revela o quanto as estruturas que sustentam a direita seguem articuladas, mesmo quando a cena pública finge o conflito.

Importante lembrar o cenário: desde 4 de agosto, Bolsonaro cumpre prisão domiciliar por descumprir determinações judiciais; esta visita acontece justamente na semana em que o Supremo começa o julgamento que pode condenar o ex-presidente e outros sete réus por tentativa de golpe. Ou seja, não se trata de um “encontro social” — é potencialmente parte de um esforço de manutenção de rede, logística e estratégia política. Não nos enganemos: a direita tem memória, recursos e pautas para voltar a atacar as conquistas da maioria.

E onde fica o governo Lula nisso tudo? Lula e o PT, que derrotaram Bolsonaro e continuam no centro de um projeto popular, precisam usar cada fio institucional para desmantelar as patotas que tentam recuperar influência. Arthur Lira, curiosamente, manteve bom relacionamento com Lula nos primeiros dois anos do mandato e hoje é relator de um projeto do próprio governo que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil — a principal bandeira para fortalecer o eleitorado popular e a aposta para 2026. Há um jogo de interesses em curso: alianças pontuais, negociações e concessões para aprovar medidas sociais importantes. Cabe aos movimentos populares vigiar para que esses acordos não signifiquem compensações que abram espaço para a direita se rearticular.

A visita autorizada é, portanto, imagem de um país que ainda precisa varrer as máfias políticas da sua vida institucional. Não podemos aceitar que encontros entre acusados e articuladores do golpe sejam naturalizados. É hora de radicalizar a defesa das instituições, fortalecer políticas públicas e impedir qualquer reagrupamento reacionário. A luta por justiça não admite pausas: acompanhemos o julgamento, pressionemos por transparência e continuemos mobilizados contra quem quer varrer direitos e privatizar o que é público. Afinal, desmontar a direita é também garantia de que projetos sociais como os do PT possam avançar — sem trégua, sem negociatas e com o povo no comando das decisões.

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