luta socialista

Moraes vota com gravata de cachorrinhos e Dino rebate complexo de vira-latas no STF

Alegria pequena, vitória simbólica e muitos cachorrinhos na gravata: foi assim que o plenário do Supremo virou palco de uma cena que mistura o trágico, o cômico e o profundo nessa terça-feira (9). Enquanto Alexandre de Moraes lia seu voto condenando Jair Bolsonaro e mais sete pela tentativa de golpe, chamou atenção a gravata com estampa de cachorro — detalhe que virou mote para piadas, teorias e uma metáfora política óbvia. Porque na política brasileira as imagens falam tão alto quanto as palavras. E, às vezes, falam mais alto do que os poderosos gostariam.

A gravata que fala

Muitos acharam que era o Snoopy, o eterno companheiro do Charlie Brown; não era. Era uma peça da grife italiana Salvatore Ferragamo, vendida por US$ 240 no site oficial — cerca de R$ 1,3 mil. Luxo e simbologia em um só nó! Não é apenas uma gravata: é um comentário involuntário sobre quem ocupa o poder e quem paga a conta dessa política. Enquanto isso, bilhões continuam concentrados nas mãos dos mesmos que apoiam o bolsonarismo e sonham com o fim do Estado, das estatais e de qualquer política que dignifique a classe trabalhadora.

O ministro Flávio Dino reforçou essa ideia de firmeza institucional ao dizer que o tribunal não vai se curvar às pressões. “A corte não irá se curvar diante de pressões externas”, ministro Flávio Dino. Dino, com seu estilo sedutormente irritante para a direita, ainda usou a imagem do entretenimento americano para criticar a decisão dos EUA sobre vistos: “o rato Mickey e o cachorro Pateta”, ele disse, referindo-se à diplomacia que transformou ministros do STF em personagens vetados à Disney. Rir para não chorar, certo?

Enquanto a direita tenta ridicularizar cada gesto do tribunal — e enquanto a extrema-direita desesperada aposta em narrativas de vitimização — o que vimos foi coragem institucional. Claro que uma gravata não muda o curso histórico, mas revela hipocrisia e jogos de cena: os mesmos que endeusam o mercado e a “livre iniciativa” não se constrangem em consumir Ferragamo; os mesmos que pregam o fim do Estado lucram com contratos, verbas públicas e privilégios. Enquanto os ricos ostentam Ferragamo, o povo sofre com privatizações e arrocho.

Os bolsonaristas, nesse teatro fofo, ainda alimentam esperanças pouco viris: desejam que o ministro Luiz Fux se comporte “como um leão”. Que triste. A direita precisa de heróis de ocasião, mas terá sempre de enfrentar fatos e lutas concretas. Não será um rugido que fará os responsáveis pela tentativa de golpe fugirem às suas responsabilidades. Serão decisões firmes, mobilização popular e um projeto político anticapitalista que avance para além dos gabinetes.

E é aí que entra a nossa responsabilidade como esquerda organizada: não podemos nos contentar com gravatas simbólicas nem apenas comemorar sentenças. É preciso transformar essas decisões em políticas que revertam a sangria neoliberal: defesa das estatais, revogação de privatizações, taxação dos bilionários e investimentos públicos que devolvam dignidade ao povo. Lula e o PT, por mais que alguns setores conservadores tentem caricaturá-los, são — neste momento histórico — centrais para canalizar essa onda popular para uma nova etapa de luta. Não como gestores passivos do sistema, mas como atores que podem abrir espaço para mudanças profundas, sob pressão social contínua.

Se a direita pensa que pode usar ironia e merchandising de grife para desviar o foco, erra feio. A gravata charmosa de Moraes virou símbolo de uma resistência que ri na cara do absurdo e aponta contradições. Mas a nossa tarefa vai além do humor: é unir as forças populares, reconstruir instituições a favor do povo e arrancar das mãos dos bilionários o controle sobre a vida nacional. Afinal, não se brinca com democracia — e não se negocia a soberania do povo com um aperto de gravata.

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