luta socialista

Gleisi critica: inadmissível EUA ameaçarem usar meios militares contra o Brasil

A afronta é clara: a porta-voz da Casa Branca sugere que os EUA podem recorrer a “meios militares” para “proteger a liberdade de expressão” caso o Supremo Tribunal Federal condene Jair Bolsonaro — e o Brasil, mais uma vez, vira palco do teatro americano de intervenção. Não é exagero político: é intimidação aberta de potência imperialista em defesa de um presidente que tentou rasgar a Constituição. O fato merece resposta firme e mobilização popular!

“A conspiração da família Bolsonaro contra o Brasil chegou ao cúmulo hoje, com a declaração da porta-voz de Donald Trump de que os EUA podem usar até força militar contra o nosso país. Não bastam as tarifas contra nossas exportações, as sanções ilegais contra ministros do governo, do STF e suas famílias, agora ameaçam invadir o Brasil para livrar Jair Bolsonaro da cadeia. Isso é totalmente inadmissível”, disse a ministra Gleisi Hoffmann em postagem nas redes sociais. “E ainda dizem que estão defendendo a ‘liberdade de expressão’. Só se for a liberdade de mentir, de coagir a Justiça e de tramar golpe de estado; estes sim, os crimes pelos quais Bolsonaro e seus cúmplices estão sendo julgados no devido processo legal. E o filho, traidor da Pátria, precisa ser cassado!”

Meios militares

A declaração de Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, veio quando jornalistas perguntaram se Washington ampliaria retaliadas caso o julgamento do ex-presidente resultasse em condenação. “O presidente [dos EUA, Donald Trump] não tem medo de usar meios econômicos nem militares para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”, afirmou Leavitt, acrescentando, de forma quase cirúrgica, que “não há nenhuma ação adicional” contra o governo brasileiro no momento. A contradição é evidente: ameaça-se com o dedo e se acena com a renúncia pública, como se isso tornasse aceitável a intervenção estrangeira.

A chantagem não é novidade. Há anos a direita internacional ensaia mecanismos de pressão para proteger seus pares ideológicos. Tarifas, sanções, difamações midiáticas e agora piadas de mau gosto sobre “proteção militar” — tudo para proteger quem tentou um golpe e quem apoia o projeto antipopular que destruiu direitos no país. Quando uma potência estrangeira se coloca como árbitro do que é “liberdade de expressão”, ela age para proteger interesses, não princípios democráticos. E no caso Bolsonaro a defesa é clara: proteger a impunidade de golpistas.

No Supremo, o processo do chamado núcleo crucial da trama golpista avançou com o voto do ministro Alexandre de Moraes para condenar Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. Moraes é o relator do processo penal que investiga os responsáveis por tentar impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. O peso das penas — que, somadas, podem chegar a 43 anos para alguns réus — revela a gravidade dos atos julgados: não são debates retóricos, são crimes contra a ordem democrática.

“Será que um tuíte vai mudar um julgamento?” provocou Dino, apontando o óbvio: o judiciário não é palco de labirintos digitais; é órgão de aplicação da lei. É ridículo imaginar que uma declaração impertinente de Washington altere o curso de um julgamento que expõe responsabilidades criminais concretas. Ainda mais quando a própria tradição imperial trata “liberdade de expressão” como pretexto para proteger aliados que atacaram instituições.

O Brasil precisa resistir a intimidações internas e externas. Defender o processo legal é defender a soberania popular contra tentativas de salvamento internacional de um projeto autoritário. O que está em jogo não é apenas a queda de um só líder; é a defesa do Estado de Direito e a possibilidade de avançarmos em um projeto realmente popular e soberano, liderado pela esquerda consciente.

O recado, portanto, tem que ser claro: não aceitaremos tutela imperial nem anistia para golpistas. A luta política continuará nas ruas, nos sindicatos, no parlamento e nas urnas — e o povo brasileiro, organizado, não será manipulado por ameaças de fora nem por escapismos de dentro.

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