A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal retoma nesta quarta-feira (10) o julgamento que pode selar a responsabilidade de Jair Bolsonaro e oito comparsas pela tentativa de golpe de 2023. Não é um capítulo qualquer: é o tribunal confrontando uma trama que tentou desmontar a democracia brasileira — e que, se não for desmantelada politicamente e penalmente, seguirá como uma ameaça à vida do povo trabalhador. O clima é tenso, a pauta é pesada e o país observa: será que vão punir os mandantes e articuladores ou teremos mais cinismo e impunidade para a extrema direita?
Ordem dos votos e o que já aconteceu
O relator Alexandre de Moraes abriu o placar e votou pela condenação de todos os réus; em seguida, o ministro Flávio Dino acompanhou o relator, ampliando a pressão para que a turma do STF confirme a responsabilização. A sessão desta quarta começa às 9h com o voto do ministro Luiz Fux, seguido por Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Se o Supremo fizer seu papel, estará mandarim a ordem democrática contra o bolsonarismo golpista. Esses votos não são meros tecnicismos jurídicos: são um teste de limite ao autoritarismo que ainda respira em muitos corredores do poder.
Como acompanhar
Quem quiser ver ao vivo pode acompanhar pelo g1, que transmite com imagens da TV Justiça. O calendário do julgamento já foi estendido para seis dias — quatro deles concentrados nesta semana a pedido do relator: 2, 3, 9, 10, 11 e 12 de setembro, com horários expressivos pela manhã e parte da tarde em alguns dias. Isso significa que haverá tempo para os ministros discutirem não só a materialidade dos crimes, mas a participação de cada réu, sua influência e os nexos que ligam essa quadrilha a ações concretas contra as instituições.
O que está em jogo e possíveis desfechos
As decisões possíveis são claras: os ministros podem absolver ou condenar um ou mais réus. Se houver absolvição, parte do processo é arquivado; se houver condenação, a turma fixará pena a partir da participação individual de cada réu — e aí mora a chance de efetiva responsabilização. Uma condenação correta precisa refletir o dano à democracia e funcionar como freio para tentativas futuras. Mesmo com condenação, haverá recursos dentro do próprio STF, e a batalha jurídica pode se estender — por isso a importância de combinar pressão política e vigilância social.
“Alguém acredita que um tuíte de presidente estrangeiro vai mudar o julgamento?”, questionou Flávio Dino. Essa frase expõe o ridículo das estratégias desesperadas dos golpistas: acreditar que retweets, narrativas forjadas e palanques digitais substituirão provas, documentos e depoimentos que mostram organização e intenção golpista.
A leitura do voto de Alexandre de Moraes trouxe à tona trechos que, segundo o relator, configurariam confissão de culpa de integrantes-chave em reuniões e articulações — um segmento do caso que desmonta a versão de “trouxas” que foram levados pela marola retórica. Não é só retórica de tribunal: é retrato da tentativa consciente de destruir a ordem constitucional por interesses pessoais e oligárquicos.
Para nós, que acreditamos na luta popular e na necessidade de derrotar a direita reacionária de todas as formas — nas ruas, nas urnas e nas instituições — este julgamento é mais um campo de batalha. Defender as estatais, combater privatizações e enfrentar os bilionários que financiam ataques à democracia passa também por não permitir que líderes de um golpe saiam sem punição. Lula e o PT têm papel central nessa nova etapa de resistência, mobilização e construção de alternativas populares; mas a justiça precisa agir para impedir que a velha turma da extrema direita continue a operar com carta branca.
Aos que ainda duvidam da importância política do processo: acompanhem, cobrem e organizem-se! A defesa da democracia não é um espetáculo da elite jurídica; é luta popular, é mobilização e responsabilidade coletiva. O resultado do julgamento será importante, mas o que vem depois, nas ruas e nos corações do povo, é que dirá se realmente começamos a enterrar de vez o bolsonarismo conspirador.