luta socialista

Itamaraty repudia ameaça de intervenção militar dos EUA após declaração da porta-voz da Casa Branca

O episódio dessa terça-feira expõe, mais uma vez, a trama suja que une a família Bolsonaro, setores do imperialismo e seus porta-vozes — e nos lembra que a defesa da democracia brasileira não pode ser reduzida a diplomacia de gabinete nem a negociações entre elites. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou nota repudiando “o uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a nossa democracia”, depois que a porta-voz da Casa Branca afirmou publicamente que o presidente Donald Trump “não tem medo de usar meios militares” em defesa da liberdade de expressão — em um claro aceno à proteção de aliados autoritários como Jair Bolsonaro.

Reação oficial e o recado do Itamaraty

O comunicado do Itamaraty foi direto: o governo brasileiro repudia qualquer tentativa de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir nossas instituições. “O primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas. É esse o dever dos três Poderes da República, que não se intimidarão por qualquer forma de atentado à nossa soberania”, diz o texto do Ministério das Relações Exteriores. Não é pouca coisa: é um puxão de orelhas público aos EUA e uma demarcação de que a soberania brasileira não é matéria descartável para negociações entre oligarquias.

A carga simbólica dessa nota é grande — foi uma resposta necessária a quem tentou transformar um julgamento interno do Supremo Tribunal Federal em pretexto para chantagem internacional. Não aceitaremos que a democracia brasileira vire vitrine para aventuras imperialistas nem escudo para golpistas.

A ministra-chefe das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, não poupou palavras. “A conspiração da família Bolsonaro contra o Brasil chegou ao cúmulo hoje, com a declaração da porta-voz de Donald Trump de que os EUA podem usar até força militar contra o nosso país. Não bastam as tarifas contra nossas exportações, as sanções ilegais contra ministros do governo, do STF e suas famílias, agora ameaçam invadir o Brasil para livrar Jair Bolsonaro da cadeia. Isso é totalmente inadmissível”, publicou Gleisi em rede social. Está certo: são décadas de submissão econômica e político-ideológica que se materializam em beligerância aberta quando os interesses da direita internacional ficam ameaçados.

“Meios militares”: a fala que expõe alianças

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, foi interrogada por jornalistas sobre retaliações caso Bolsonaro seja condenado. “O presidente [dos EUA, Donald Trump] não tem medo de usar meios econômicos nem militares para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”, reagiu ela, em tradução do que foi dito. Em seguida, ainda tentou amenizar: “não há nenhuma ação adicional” contra o governo brasileiro no momento. Traduzindo: ameaça feita, recuo tático anunciado — e a pressão política segue na mesa.

É preciso entender a dimensão dessa escalada: tarifas, sanções e agora declarações que flertam com intervenção militar formam um pacote de intimidação para proteger um político que, se condenado, responde por cinco crimes e pode receber penas que, somadas, chegam a 43 anos de prisão. Não é apenas sobre Bolsonaro; é sobre a blindagem de interesses que ele representa — redes de poder que vão da mídia oligárquica a capitais que lucram com privatizações e desmonte do Estado.

Os bilionários de direita e seus capachos estrangeiros não vão nos calar.

A resposta do Brasil precisa ser dupla: firme na defesa da soberania e das instituições, e generosa na construção de um projeto popular capaz de enfrentar as raízes da crise — a desigualdade, a privatização e o poder concentrado do capital. Lula e o PT têm diante de si a tarefa histórica de transformar essa defesa em ofensiva política: não apenas evitar intervenções e golpes, mas protagonizar uma política que retome empresas estratégicas, proteja direitos e reinvista no projeto nacional-popular.

O recado para as ruas e para a militância é claro: vigiar as instituições, denunciar a chantagem internacional e fortalecer a frente democrática e popular. A soberania não é um adjetivo de decoração, é campo de luta — e essa luta passa por derrotar politicamente a direita, desmontar suas redes de influência e construir, com coragem, uma alternativa que devolva o país ao povo. Quem pretende nos intimidar, imperial e doméstico, encontrará resistência organizada e uma sociedade que não aceita ser tratada como peça descartável no tabuleiro geopolítico alheio.

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