A condenação de Walter Braga Netto a 26 anos de prisão pela Primeira Turma do STF não é um detalhe técnico num jogo jurídico — é a resposta da República a uma tentativa de golpe que teve generais, ministros e o próprio ex-presidente no centro. Depois das evidências recolhidas e da argumentação da Procuradoria-Geral da República, ficou claro que a trama golpista não era teoria da conspiração de botequim: havia planejamento, influência militar e artifícios concretos para impedir a posse de Lula. Quem imaginou que a direita golpista poderia agir impune vai ter de engolir a sentença e a humilhação política que ela traz.
Pena e a dosimetria
O placar foi duro: 26 anos no total, sendo 24 em regime fechado e 2 em regime aberto ou semiaberto, além de 100 dias-multa — cada dia-multa corresponde a um salário mínimo. A distribuição por crime é eloqüente sobre a gravidade do ato: organização criminosa (6 anos), abolição violenta do Estado Democrático de Direito (6 anos e seis meses), golpe de Estado (8 anos e seis meses), dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado (2 anos e seis meses cada). O veredito impõe uma pena pesada e sinaliza que planos antirrepublicanos têm custo — alto. É pouco para a covardia de quem tentou rasgar a Constituição? Podemos sempre desejar mais punição para traidores da democracia, mas este resultado representa um recado histórico.
O que a PGR apontou
A Procuradoria-Geral da República descreveu Braga Netto como figura-chave do núcleo que articulou a ofensiva política e militar contra as instituições. “Braga Netto integrava o núcleo central da organização, com influência política e militar”, afirmou a Procuradoria-Geral da República. Entre as provas citadas está a famigerada Operação 142 — documentos apreendidos na assessoria do general que desenhavam ofensivas contra o STF e decretos de exceção para impedir a posse de Lula. Imaginem: planos escritos, táticas esboçadas, uma conspiração com assinatura militar. Isso não é debate político; é ameaça concreta à democracia.
O que a defesa alega
A defesa tenta, como sempre, transformar evidência em teoria da conspiração invertida: negam tudo, atacam delatores e culpam intrigas internas nas Forças Armadas. “A acusação se baseou quase exclusivamente na delação de Mauro Cid, mentirosa”, afirmaram os advogados de Braga Netto. Alegam falta de provas materiais de financiamento ou participação direta nos atos de 8 de janeiro. É o repertório clássico da direita: negar, reclamar de parcialidade, insistir na narrativa de perseguição política enquanto o país ainda recolhe os cacos do ataque à democracia.
O contexto: não estão sozinhos
Esta condenação vem no mesmo processo que já puniu figuras como Jair Bolsonaro (27 anos e 3 meses), Almir Garnier (24 anos), Augusto Heleno (21 anos) e outros expoentes do bolsonarismo militarizado. A história dos chamados “gêmeos siameses” — Bolsonaro e Braga Netto — se confirma nas convicções: cumplicidade política e militar para tentar destruir o Estado Democrático de Direito. Não se trata apenas de punição individual: é um recado para as instituições e para a direita que tentou incendiar a República. A elite golpista e seus financiadores bilionários não terão passaporte para a impunidade.
A vitória judicial não encerra a luta política. O processo mostrou que há instituições dispostas a defender a Constituição, mas a batalha pela democracia se dá nas ruas, no Congresso e nas urnas. Lula e o PT, além de alternativa eleitoral, são elementos centrais desta nova etapa de enfrentamento ao neoliberalismo e ao autoritarismo — é hora de construir um projeto popular que não repita os erros do passado e que encare de frente a extrema-direita e seus tentáculos econômicos. A direita pode chorar, gritar ou inventar desculpas, mas a justiça começou a dar as respostas que o povo brasileiro exigiu. E que venha, agora, a reforma profunda das forças que permitiram esse atentado — política, institucional e culturalmente!