O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poupou ironia ao elogiar o ministro da Educação, Camilo Santana, e acabou alfinetando o ministro do STF Luiz Fux. Em tom de brincadeira — mas com a firmeza política de quem não cede terreno — Lula destacou a capacidade de articulação de Camilo e arrancou risadas e aplausos no Palácio do Planalto. Foi também mais um lembrete: enquanto a direita tenta montar um espetáculo de impunidade, a militância e os governistas trabalham para garantir avanços concretos para o povo.
Julgamento da trama golpista
A Primeira Turma do STF formou maioria para condenar Jair Bolsonaro e outros sete réus por todos os crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República, mas o placar mostrou que o Judiciário ainda é terreno de disputa. Quatro ministros — Alexandre de Moraes (relator), Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino — votaram pela condenação; o único voto dissidente foi de Luiz Fux, que pediu a absolvição após um voto de 13 horas. “Foi na contramão de decisões anteriores do magistrado”, disseram analistas.
Parlamentares da oposição já enxergam no voto de Fux um combustível político: a avaliação é que esse posicionamento pode ser usado para impulsionar projetos de anistia no Congresso. “O voto pode servir de argumento para alavancar o projeto da anistia no Congresso Nacional”, disseram parlamentares da oposição. É a tentativa previsível: transformar um gesto jurídico numa carta branca política para encobrir o projeto golpista e as manobras de 2022.
Apesar da maioria no julgamento, ainda resta a leitura integral das sentenças e a definição das penas — etapas que podem se prolongar com recursos e manobras jurídicas. Ou seja: mesmo com condenação, a execução da pena só acontece após esgotados os recursos. Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro permanece em prisão domiciliar, monitorado por tornozeleira eletrônica e vigilância policial — porque fugir da responsabilidade não é opção para quem atentou contra a democracia.
O voto de Fux mostra que instituições não são neutras: servem a interesses políticos quando a direita precisa de um empurrão.
Elogio a Camilo Santana
No evento no Planalto, Lula quis ressaltar a determinação de Camilo Santana na criação da carteira profissional para professores — uma medida prática, que busca valorizar a carreira docente e combater a precarização da educação pública. Segundo o presidente, houve resistência dentro do próprio governo: a ministra da Gestão, Esther Dweck, temia que a iniciativa pudesse atrasar a implementação da nova carteira de identidade nacional. Para evitar desgaste e garantir a proposta, Camilo reassumiu seu mandato no Senado, apresentou o projeto, trabalhou pela aprovação no Congresso e ajudou na articulação para a sanção presidencial.
“Eu quero valorizar a dedicação do Camilo nesse negócio… Nem o Fux seria capaz de ser igual a você”, disse Lula. A plateia caiu na risada, mas a piada carregou conteúdo: é preciso coragem política para enfrentar interesses, costurar apoio e transformar propostas em leis que atendam o povo — algo que a direita só sabe destruir ou privatizar.
Camilo não fez teatro: trabalhou, deixou o próprio cargo quando preciso, e trouxe resultado para a sala de aula.
Lula usou o episódio para mostrar duas coisas ao mesmo tempo: capacidade de governar com pragmatismo e a necessidade de manter a luta política acesa. Enquanto a direita tenta reeditar impunidades e anistias, o PT avança com políticas públicas que mexem na vida das pessoas. A batalha jurídica e parlamentar seguirá — e precisamos estar mobilizados, cobrando unidade, ampliando a base social e garantindo que qualquer manobra em favor dos golpistas seja enfrentada com organização popular. Afinal, se a democracia tem que ser defendida, que seja com projeto transformador, com estatais fortes, serviços públicos e professores valorizados! Quem pensa que uma piada vai calar nossa reação se enganou redondamente; é hora de lutar por mais conquistas e de desmantelar todos os tentáculos da direita!