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PF prepara sala exclusiva para Bolsonaro; STF decidirá local da prisão

A Polícia Federal montou uma sala separada, com cama, cadeira e banheiro privativo, para abrigar Jair Bolsonaro caso o Supremo Tribunal Federal determine que sua prisão em regime fechado ocorra na própria superintendência da PF, e não no presídio de segurança máxima, como a Papuda. A informação, confirmada por investigadores da corporação, expõe mais uma vez o trato especial que parte da máquina do Estado reserva ao bolsonarismo — e nos faz perguntar: por que um ex-presidente acusado de liderar um golpe teria direito a uma estrutura quase de hotel dentro de um órgão que deveria primar pela igualdade perante a lei? É o VIP do autoritarismo em versão pública.

“A sala está pronta e foi pensada para garantir segurança e privacidade”, disseram investigadores da PF ao blog. A cela improvisada fica na superintendência e tem funções práticas óbvias — isolamento, controle e logística —, mas também carrega um simbolismo pesado. Enquanto milhões de pessoas vivem sob condições que o Estado pouco se preocupa em resolver, a direita processualiza um tratamento diferenciado para seus ídolos. Quem protege esse privilégio? Quem garante que não seja, mais uma vez, a elite que manda no país? A resposta tende a incomodar quem acredita na necessidade de desmontar as estruturas de poder conservadoras.

Prazos, recursos e a caneta de Alexandre de Moraes

Apesar da preparação da sala, a decisão final sobre o local de cumprimento da pena cabe ao ministro relator Alexandre de Moraes. Os investigadores trabalham com cenários alternativos, como a ida de Bolsonaro ao Complexo Penitenciário da Papuda, mas aguardam a definição da Corte. Não é o tapetão dos bolsonaristas que vai decidir onde as leis serão aplicadas.

Os próximos passos do processo, segundo quem investiga, tendem a demorar: uma ordem de prisão, caso venha, dificilmente sairá em menos de dez dias. Isso porque, após a publicação do resultado do julgamento, as defesas ainda têm o direito de apresentar embargos de declaração — recursos que podem questionar pontos formais da sentença. É rotina processual, mas também tempo suficiente para a estratégia da defesa tentar converter uma ordem de prisão em prisão domiciliar. A própria Corte terá de julgar esses recursos, publicar o acórdão e só então o caso poderá transitar em julgado, autorizando a execução das penas.

Enquanto isso, o bolsonarismo faz sua festa midiática e seus canais de desinformação continuam a alimentar a militância com narrativas de vitimização. É a velha tática: transformar o culpado em herói e o processo penal em perseguição política. A diferença é que, desta vez, a pressão popular e a atuação firme das instituições — quando não sucumbem à captura política — podem mostrar que o Estado não é balcão de serviços para os ricos e seus aliados.

Não se trata apenas de ver onde Bolsonaro dormirá se preso; trata-se de uma disputa mais ampla sobre que tipo de país queremos. Vamos aceitar que ex-presidentes envolvidos em trama golpista recebam mordomias dentro de órgãos públicos? Ou vamos exigir que a lei seja igual para todos, independentemente do sobrenome, do eleitorado ou da grana que financia sua narrativa? A questão é política e simbólica, e merece resposta à altura.

A cena da sala pronta na PF é sintomática: revela as contradições de um Estado que, ao mesmo tempo em que pune, demonstra espaço para regalias segundo o interesse de quem ocupa o poder ou suas bancadas. Para nós, que sonhamos com a derrubada das estruturas conservadoras e com a construção de um projeto popular autêntico, é necessário manter a mobilização — nas ruas, nas redes e nas urnas — e pressionar para que a justiça seja célere e imparcial. Se Lula e o PT querem ir além do rótulo de alternativa eleitoral, que ajam com firmeza para transformar esse momento em um salto real contra a impunidade dos ricos e a proteção dos golpistas. Afinal, a democracia se defende não só com palavras, mas com instituições fortes e com o povo na direção da mudança.

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