A prisão nesta sexta-feira (12) de Antônio Carlos Camilo Antunes, o conhecido “Careca do INSS”, e do empresário Maurício Camisotti pela Polícia Federal não é apenas mais um capítulo de novela sobre corrupção — é a ponta do fio que pode rebentar toda a teia de ladrões que se alimenta das aposentadorias e pensões dos mais pobres. Enquanto bilionários e privatistas batem palmas para desmontar o Estado, esquemas como esse rasgam o contracheque de quem trabalhou a vida inteira. É hora de expor os cúmplices, arrancar o verniz de respeitabilidade da direita e mostrar que proteção social não é moeda de troca para milícias burocráticas.
Operação, CPI e o teatro das prisões
A PF cumpriu mandados autorizados pelo ministro do STF André Mendonça e levou Antunes e Camisotti para a cadeia. A CPI mista do INSS já tinha convocado os dois: o “Careca” estava listado para depor na segunda (15) e Camisotti na quinta (18). Mesmo presos, o relator Alfredo Gaspar afirmou que o cronograma será mantido e que a Advocacia do Senado pedirá autorização ao Supremo para que ambos sejam conduzidos à comissão. “O cronograma está mantido. Careca e Camisotti. Já está sendo providenciado esse pedido [ao STF]. A Advocacia do Senado está preparando esse requerimento por determinação do presidente Carlos Viana”, disse Gaspar ao g1. Em tom triunfante, o presidente da CPI, senador Carlos Viana, decretou que os presos têm “muitas explicações a nos dar”. “Já pedi ao ministro André Mendonça, já pedi à Advocacia do Senado um requerimento para que os dois presos sejam conduzidos à CPMI na próxima segunda e na próxima quinta. Eles têm muitas explicações a nos dar”, afirmou Viana.
A PF e a CPI comemoram — e com razão: a investigação aponta que empresas ligadas ao “Careca do INSS” receberam R$ 53 milhões de associações de aposentados e pensionistas, e que mais de R$ 9 milhões foram transferidos a pessoas ligadas ao INSS. Segundo as apurações, as empresas de Antunes funcionavam como intermediárias financeiras, repassando verbas das entidades investigadas a servidores ou a comparsas. Camisotti aparece como sócio oculto de uma entidade e beneficiário das fraudes.
A roubalheira tem rosto, nome e endereço fiscal. Não é abstrata, não é “erro administrativo”. É crime contra a vida de quem depende do Estado para sobreviver.
Além dos pedidos de prisão preventiva, a CPI aprovou quebras de sigilo fiscal, bancário e telefônico de ambos — medidas necessárias para seguir o rastro do dinheiro. O colegiado também discute convocar o advogado Nelson Wilians, outro alvo da PF, e mira nomes que já apareceram nas investigações, como Alessandro Stefanutto (ex-presidente do INSS afastado), Danilo Trento e o ex-procurador-geral do INSS Virgílio de Oliveira Filho.
Interlocutores da PF, vale registrar, afirmam que as prisões foram solicitadas pela própria corporação e não diretamente pela CPMI — ou seja, não se trata apenas de espetáculo político, mas de investigação criminal em curso que já produziu provas suficientes para medidas duras.
Não há “escândalo isolado” quando toda a máquina está capturada por interesses privados e agentes do Estado se transformam em financiadores de fraudes.
A importância política desse episódio é clara: enquanto a direita tenta transformar o Estado em presa fácil para empresários e fundos estrangeiros, a defesa das estatais e do serviço público mostra seu valor mais uma vez. Precisamos de investigação rigorosa, punição exemplar e, sobretudo, de um projeto que não permita que aposentadorias e pensões sejam pilhadas para engordar bolsos privados. Lula e o PT não são apenas alternativas eleitorais; devem ser protagonistas de uma etapa de luta que enfrente esses esquemas e retome para o povo as políticas públicas que a direita quer destruir. Este é um chamado: não basta prender os operadores, é preciso desmontar a estrutura que os permitiu operar. A luta segue — nas ruas, nas instituições e no voto.