A pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (13) confirma aquilo que muita gente já sentia na pele: a maioria do país não quer transformar em carta branca o perdão para quem tentou rasgar a Constituição. Com 2.025 eleitores entrevistados entre os dias 8 e 9 de setembro em 113 municípios — margem de erro de dois pontos —, 54% são contra que o Congresso aprove uma anistia que livraria Jair Bolsonaro das consequências da sua tentativa de golpe; apenas 39% aprovam a ideia. Os números deixam claro o tamanho do desgaste político que a extrema direita carrega — e a responsabilidade histórica de quem ocupa o Palácio do Planalto e as trincheiras do poder legislativo.
O que o povo pensa e o que está em jogo
A Primeira Turma do STF condenou Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por cinco crimes no contexto do 8 de janeiro: organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração do patrimônio. Diante disso, o governo tenta barrar a votação do projeto de anistia defendido pela oposição — uma manobra política para enterrar a responsabilização e reabilitar o bolsonarismo como força eleitoral. Mas os dados falam mais alto: 61% dos entrevistados são contrários a qualquer perdão aos condenados pelos ataques golpistas. Apenas 33% são a favor. O sinal é claro: o povo não quer anistia para golpistas.
E mais: metade dos brasileiros defende a prisão de Bolsonaro por tentativa de golpe, e metade acredita que ele será preso. Esses números não surgem do nada; são reflexo de uma percepção pública de impunidade que muitos tentam construir como normalização autoritária. Será que vamos aceitar que o Congresso vire um tribunal de exceção para proteger os que destruíram símbolos e instituições do país? Evidente que não! Quem defende anistia está do lado do retrocesso, ao lado dos coronéis, empresários e bilionários que financiaram essa escalada antidemocrática.
É fundamental lembrar que essa disputa não é apenas sobre um indivíduo ou sobre vingança política. Trata-se de consolidar ou desmantelar um projeto de poder que quer privatizar tudo, entregar o patrimônio público aos amigos e criminalizar a luta social. Nós, que queremos um Brasil soberano, com estatais fortes e políticas públicas para o povo, sabemos o risco: não podemos aceitar a reabilitação do golpe.
A responsabilidade do campo progressista e popular é imensa. Lula e o PT, além de alternativas eleitorais, têm diante de si a chance de transformar essa fase em avanço político real: não apenas administrar, mas impulsionar uma nova etapa de luta anticapitalista. Isso exige coragem para enfrentar a direita nas instituições e nas ruas, para proteger a democracia e derrotar tentativas de anistia que blindem torturadores e golpistas. Não é hora de negociar princípios por estabilidade rasa!
Os números do Datafolha mostram que a luta por justiça ainda tem base popular. Cabe aos movimentos sociais, aos sindicatos, às forças progressistas e ao próprio governo capitalizar esse sentimento, mobilizar a sociedade e barrar qualquer tramóia no Congresso. A direita tenta reciclar seus atores; quer transformar as vítimas do seu autoritarismo em “coletivos perseguidos” e usar o parlamento como última trincheira de salvação. Não podemos aceitar essa comédia tragicômica.
A batalha política será dura — e terá desdobramentos legais e eleitorais. Mas a história nos ensinou que impunidade abre caminho para novos ataques às liberdades. Por isso, a tarefa é dupla: pressionar as instituições democráticas para que a lei seja cumprida e fortalecer um projeto popular que destrua os interesses dos bilionários e das corporações que deram suporte ao bolsonarismo. Vamos à luta, organizar as nossas forças e garantir que o Congresso não se torne um antro de impunidade!