O presidente Lula foi direto ao ponto em um artigo publicado no The New York Times: o Brasil está aberto à negociação com os Estados Unidos, mas não abre mão de sua soberania nem da sua democracia. Em plena troca de farpas com a administração Trump — que aplicou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros em agosto — Lula respondeu com firmeza, defendendo instituições, o combate ao bolsonarismo e um projeto de desenvolvimento que retome o trabalho e a soberania nacional. Como militante e jornalista, não posso deixar de aplaudir essa postura combativa e estratégica!
Negociações e o tapa de luva branca
Lula lembra que relações entre nações fortes passam pelo respeito mútuo e que é possível cooperar sem humilhações. “A democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta”, escreveu — e quem pensa diferente deveria ler a Constituição de 1988 antes de abrir a boca. O aumento tarifário imposto por Washington foi um sinal claro de arrogância unilateral: uma medida econômica que não dialoga, impõe. Lula chamou o ato de “equivocado” e “ilógico”, e pediu negociações que realmente busquem benefícios mútuos, não vinganças comerciais.
“O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) era ‘uma vergonha internacional’.” — Donald Trump
Esse ataque externo chegou em tom cínico, depois de Trump justificar o tarifaço em carta que ainda acusou o STF de perseguir adversários. Lula, com justa fúria democrática, rebateu que o julgamento não foi caça às bruxas: foi consequência de investigações que expuseram planos golpistas, incluindo ameaças de assassinato contra o próprio presidente, o vice e ministros do STF. “Não se tratou de uma ‘caça às bruxas’. O julgamento foi resultado de procedimentos conduzidos em conformidade com a Constituição Brasileira de 1988…” — Luiz Inácio Lula da Silva O país que enfrentou a ditadura não vai aceitar lições de moral de quem celebra autoritarismos e elogia milicianos.
Tecnologia, PIX e a defesa do interesse público
Lula não deixou barato as acusações de que o Brasil estaria censurando ou perseguindo big techs americanas. Pelo contrário: regulção é proteção! Proteger famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio é prioridade, não atentado à liberdade. A narrativa de empresas que se colocam acima das leis nacionais é uma velha tentativa de transferir poder privado sobre o público — e é preciso desmontar esse privilégio com clareza.
Sobre o PIX, o presidente foi enfático: esse sistema digital incluiu milhões de pessoas e pequenas empresas no circuito financeiro. Alegar que o PIX prejudica operadores estadunidenses é, no mínimo, uma confissão de que o grande capital só aceita concorrência quando domina tudo. Não vamos penalizar inovação que facilita a vida do povo e fortalece a economia popular!
No campo ambiental, Lula respondeu também às críticas sobre desmatamento: o governo reduziu pela metade a taxa de desmatamento na Amazônia nos últimos dois anos e a polícia apreendeu centenas de milhões de dólares em bens ligados a crimes ambientais só em 2024. O cuidado com a floresta não pode ser usado como pretexto por quem produz e exporta combustíveis fósseis para ditar regras ao Brasil — afinal, sem ação global coordenada, a Amazônia corre risco e o planeta paga a conta. Quem reclama de proteção ambiental daqui deveria primeiro fechar as torneiras das suas emissões.
A ofensiva diplomática de Lula é, acima de tudo, política: não se trata de um apelo de conciliação frouxa, mas de reafirmar que o Brasil tem direitos e instrumentos para defendê-los. Contra a direita que sonha com entreguismo e privatizações, precisamos de um Estado forte, estatais protegidas e políticas que retomem a indústria e os empregos. Contra a chantagem de tarifas e o ranço imperial, vamos responder com soberania, regulação e solidariedade internacional.
Se o objetivo é desarmar os neoliberais e botar os interesses do povo à frente dos lucros bilionários, então essa carta ao mundo foi um aviso claro: o Brasil não negocia sua democracia. E quem acha que pode nos empurrar para trás que se prepare — vamos lutar para transformar essa abertura diplomática numa etapa de avanço social e soberano.