Valdemar Costa Neto, presidente do PL, acendeu o pavio de uma crise interna que expõe a farsa do bolsonarismo: enquanto alguns ainda fingem lealdade incondicional, o Centrão já negocia o descarte do ex-presidente para costurar um candidato competitivo para 2026. A disputa não é só sobre nomes; é sobre quem manda, quem negoceia com o poder econômico e quem segue como fantoche da extrema-direita rancorosa. O espetáculo é grotesco — e interessa a quem quer ver a direita fragmentada e enfraquecida!
A guerra interna do PL e o jogo do Centrão
No seminário em Itu, Valdemar tentou assumir o papel de bombeiro queimando o passado — e, claro, de quem negocia o futuro do grupo. “Houve um planejamento de golpe” — disse Valdemar Costa Neto. Em seguida, procurou salvar a própria pele perante a opinião pública, afirmando que “o Supremo decidiu [condenar Bolsonaro], temos que respeitar” e que “o Supremo só está fazendo isso porque tem apoio do governo Lula, nunca teve o golpe efetivamente”. Tradução: estou disposto a abandonar o incendiário de plantão, desde que a troca mantenha os negócios e os cargos.
Como era de se esperar, os bolsonaristas mais radicais surtaram. Paulo Figueiredo, braço-direito de Eduardo Bolsonaro na articulação por sanções dos EUA, não teve papas na língua: “Como eu digo: não estamos nesta m*** de dar gosto à toa” — escreveu Paulo Figueiredo. Ricardo Salles, sempre pronto ao teatro da indignação, reagiu seco: “Não foi por falta de aviso” — declarou o ex-ministro. E para coroar a indignação performática, Fabio Wajngarten, advogado e ex-ministro, pediu fim ao silêncio: “Não é possível mais ouvirmos e nos calarmos. Chega.” — afirmou Wajngarten.
É sintomático: o Centrão quer um candidato que garanta a repartição de cargos e contratos, não fidelidade ideológica ou qualquer compromisso com o país. O favorito do bloco é Tarcísio de Freitas (Republicanos), um gestor com respaldo empresarial e perfil “técnico” que agrada quem não quer mais aventura golpista — apenas garantias de negócios. A família Bolsonaro, por sua vez, rasga as vestes e ameaça perder influência nesse leilão de poder.
Valdemar tentou jogar água no fogo dizendo que apoiaria “o candidato que o presidente Bolsonaro indicar, mesmo que seja alguém da família Bolsonaro”, incluindo Eduardo como opção. “O candidato que o presidente Bolsonaro indicar, mesmo que seja alguém da família Bolsonaro” — disse Valdemar ao Estúdio i. Mas confiança e tempo são coisas que o Centrão não tem: teme que Bolsonaro, como sempre, deixe tudo para a última hora e embaralhe uma estratégia que precisa ser fechada já.
A direita brasileira se desfaz em brigas pelo butim enquanto a população paga a conta — cortes, privatizações, aumento do preço dos combustíveis e ataque aos serviços públicos. É por isso que nós, da luta socialista, dizemos: não basta derrubar essa ou aquela figura; é preciso desmontar politicamente as redes clientelistas do Centrão, recuperar as estatais e enfrentar os bilionários que financiam esse teatro grotesco.
O Judiciário, por sua vez, segue sendo ator central: ministros do STF querem concluir em 2025 julgamentos que podem tornar Eduardo inelegível, e isso joga combustível na disputa interna. Se o PL tentar rifar Bolsonaro para salvar interesses, o movimento será estratégico — não por amor à democracia, mas por sobrevivência oligárquica.
A cena que assistimos é uma advertência: a direita se autoesgarça entre si por poder e dinheiro, e é nosso dever político e moral aproveitar essa fraqueza para construir uma alternativa popular autêntica. Lula e o PT não são perfeitos, mas representam, hoje, o eixo de uma recomposição democrática capaz de abrir espaço para uma nova etapa de luta anticapitalista. Se o Centrão quiser continuar seu jogo sujo, que o faça — nós estaremos de olho, organizando nas ruas e nas instituições, porque a reconquista do Brasil é coletiva e não será feita nos bastidores do velho mercado político.