O ex-presidente Jair Bolsonaro deixou sua residência em Brasília —onde cumpre prisão domiciliar— para ser levado ao Hospital DF Star na tarde desta terça-feira (16), após apresentar quadro de mal-estar com queda da pressão arterial, vômitos e episódios de soluço. A equipe médica realiza uma bateria de exames; a família afirma que ele terá de dormir no hospital enquanto parte da equipe clínica vem de São Paulo para avaliação. O espetáculo patético da direita não encontra repouso nem nos leitos hospitalares, mas isso não exime Bolsonaro das responsabilidades políticas por tentar destruir a democracia.
Ida ao hospital e pareceres médicos
Segundo o médico que o acompanha, foi solicitado encaminhamento para a emergência do DF Star para exames e tratamento. “O ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou na tarde de hoje, um quadro de mal-estar, queda da pressão arterial e vômitos. Solicitei que fosse encaminhado ao Hospital DF Star para avaliação clínica, medidas terapêuticas e exames complementares. Assim que tivermos uma definição clara do quadro clínico, atualizaremos as informações” — Dr. Claudio Birolini. A defesa oficializou a saída com relatório médico assinado pelo Dr. Leandro Santini Echenique, no qual consta: “Bolsonaro apresentou neste momento episódio de mal-estar, pré-síncope e vômitos com queda da pressão arterial, sendo necessário ir à emergência” — Leandro Santini Echenique (médico).
O senador Flávio Bolsonaro, que visitou o pai no hospital, divulgou em rede social que o ex-presidente deixou a casa acompanhado por policiais penais. “Presidente Bolsonaro sentiu-se mal há pouco, com crise forte de soluço, vômito e pressão baixa. Encaminhou-se ao DF Star acompanhado de policiais penais que vigiam sua casa, em Brasília, por se tratar de uma emergência” — Flávio Bolsonaro (senador). A nota do hospital sobre o procedimento anterior, realizado no domingo, também foi divulgada: “O procedimento cirúrgico foi realizado sob anestesia local e sedação, e transcorreu sem intercorrências. Foi realizada a exerése marginal de oito lesões de pele, localizadas no tronco e no membro superior direito” — boletim do Hospital DF Star.
Exames complementares apontaram anemia por deficiência de ferro e imagem de “resíduo de pneumonia recente por broncoaspiração” em tomografia torácica. O hospital informou que Bolsonaro recebeu reposição de ferro por via endovenosa e que seguirá tratamento para hipertensão arterial, refluxo gastroesofágico e medidas preventivas de broncoaspiração. “[Bolsonaro] Recebeu alta hospitalar, devendo seguir com o tratamento da hipertensão arterial, do refluxo gastro-esofágico e medidas preventivas de broncoaspiração” — boletim do Hospital DF Star.
Prisão domiciliar, regras e a condenação histórica
A saída ao hospital está amparada pela decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que decretou a prisão domiciliar de Bolsonaro em 4 de agosto, mas condicionou deslocamentos de emergência à comprovação médica em até 24 horas. A medida cautelar foi imposta após apontamentos de descumprimento de restrições, como a proibição do uso de redes sociais — ainda que a defesa conteste e afirme que todas as regras estão sendo cumpridas. Atualmente, visitas dependem de autorização e os veículos que entram e saem da residência são revistados pela Polícia Penal do DF.
Importante não esquecer o pano de fundo: na última quinta-feira (11), a Primeira Turma do STF condenou Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por participação em trama golpista — a primeira vez na história do país em que um ex-presidente foi condenado por tentativa de golpe. Os ministros entenderam, por 4 votos a 1, que Bolsonaro cometeu crimes que variam de golpe de Estado a organização criminosa armada, além de danos ao patrimônio público e tombado. Não há convalescença para quem atacou a democracia — nem nos hospitais, nem nas urnas.
Enquanto alguns se compadecem do “mal-estar” do homem que tentou apagar o Estado de Direito, é preciso manter vigilância: a justiça avança, e a luta política segue nas ruas e nas instituições. O bolsonarismo continuará a ser combatido com mobilização, organização popular e apoio a políticas públicas que revertam o legado de privatizações e austeridade imposto pela extrema direita. O caminho é claro: fortalecer estatais, defender direitos sociais e consolidar a democracia que eles tentaram destruir.