O presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), não poupou palavras ao reagir nesta quarta-feira (17) à atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. A cena aconteceu no plenário do Senado, em meio a uma sessão que expôs, mais uma vez, a cara da direita entreguista: lideranças que preferem bajular potências estrangeiras a defender a soberania nacional.
“Não dá para um deputado ficar nos Estados Unidos instigando um país contra o Brasil”, disse Alcolumbre, deixando no ar a indignação que muitos brasileiros sentem diante do espetáculo de traição pública. “Ver um deputado federal, do Brasil, eleito pelo povo de São Paulo, lá nos Estados Unidos, instigando um país contra o meu país”, completou o presidente do Senado, acrescentando que não se pode “aguentar essas agressões calado”. Palavra certeira! Afinal, quando um representante do povo vira agente de interferência externa, quem representa o povo?
Eduardo Bolsonaro está nos EUA desde fevereiro e, até julho, estava oficialmente de licença do cargo. Sua última presença registrada em plenário havia sido em 13 de março. Como num passe de mágica para manter benefícios e evitar sanções por ausência, ele retomou o mandato e, nesta quarta, foi escolhido como líder da minoria — uma manobra política óbvia para não perder a vaga por falta de comparecimento. Hipocrisia? Cinismo? Chamem do que quiserem: é a comunicação íntima entre o bolsonarismo e as práticas tradicionais da extrema-direita internacional.
Traição pública e proteção política
Enquanto a grande maioria dos brasileiros luta por serviços públicos, emprego e direitos básicos, temos personagens que cruzam o Atlântico para procurar patrocínio político e até sanções contra o próprio país! Não dá para naturalizar esse tipo de comportamento. Quando um parlamentar tenta transformar uma potência estrangeira em juiz do que acontece no Brasil, estamos diante de uma afronta à nossa soberania. Isso não é debate democrático: é conluio.
A cena deixa claro o papel que o bolsonarismo pretende desempenhar: agir como ponte para interesses geopolíticos e corporativos que atacam nossas instituições e ameaçam as conquistas sociais. A posição firme de Alcolumbre — por mais que venha de um parlamentar conservador — é um alerta necessário. Há horas em que mesmo aqueles que não são da nossa trincheira precisam fazer oposição a essa entrega de bandeja do país aos caprichos de governos estrangeiros e de bilionários internacionais.
Não podemos nos enganar: a escolha de Eduardo como líder da minoria é sintomática de como o sistema político protege figuras que ameaçam a democracia enquanto penaliza movimentos populares e militantes de esquerda. É urgente fortalecer a frente democrática que defende o Estado, as estatais, e as políticas públicas que arrocham o capital privado. O Brasil não pode ser moeda de troca para interesses estrangeiros nem palco de espetáculo para extremistas.
O episódio precisa servir como ponto de reflexão e mobilização. A esquerda popular, os movimentos sociais e as lideranças progressistas não podem descansar enquanto a soberania nacional estiver à mercê de aventureiros políticos. Lula e o PT, para além das disputas eleitorais, são peças centrais na construção de um projeto que recupere o país das garras do entreguismo — mas isso exige organização e pressão social constante, não apenas votos a cada eleição.
Que fique claro: rir da cena não adianta. É hora de falar alto, se organizar e cobrar responsabilidade dos eleitos. Até quando vamos tolerar que representantes do povo atuem como lobistas de potências estrangeiras? Quem comete traição política deve ser denunciado, isolado e politicamente derrotado nas ruas e nas urnas!