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Câmara retoma PEC da Blindagem com votação secreta e Alcolumbre manda texto à CCJ do Senado

A Câmara dos Deputados retomou a votação secreta que abre caminho para a chamada “PEC da Blindagem” — uma proposta do Centrão para enterrar a transparência e proteger parlamentares investigados. O texto seguiu para o Senado, onde o presidente da comissão de Constituição e Justiça, Otto Alencar (PSD-BA), informou que Davi Alcolumbre decidiu submeter a proposta ao rito regimental e encaminhá‑la primeiro à CCJ senatorial. Em outras palavras: mais uma tentativa de ajeitar o jogo para a turma do foro privilegiado continuar impune.

Trâmite e manobra

A manobra do Centrão foi clara desde o começo. Querem acelerar, evitar debates públicos, empurrar para frente o que qualquer pessoa minimamente preocupada com a democracia chamaria de retrocesso. A votação secreta é a fachada perfeita: protegendo quem deveria responder à Justiça, transformando a Casa legislativa em uma espécie de tribunal de conveniência política. É um escudo institucional para os que lucraram com o estado de coisas e agora temem as consequências.

“O Davi [Alcolumbre] me disse agora que vai passar primeiro pela CCJ. Vou primeiro designar um relator, que vai estabelecer um calendário. Eu, pessoalmente, sou contra essa PEC da Blindagem e acho que não passa no plenário”, afirmou Otto Alencar, reforçando que o rito será respeitado — ao menos formalmente. E, como se não bastasse, ele pontuou sem rodeios: “A PEC da Blindagem aprovada na Câmara dos Deputados é um desrespeito com o eleitor e vai dobrar a impunidade a parlamentares”.

Alencar tenta jogar um contraponto institucional, mas não é hora de acreditar em mágicas. Enquanto ele diz que é contra, o jogo do Centrão segue: articular no escuro, pressionar bancadas, negociar cargos e favores para garantir maioria. É a velha política em que se troca interesse público por benesses privadas. E tudo isso enquanto o debate real — sobre a fome, sobre desigualdade, sobre o ataque aos serviços públicos — fica de lado.

O que está em jogo aqui vai muito além de um punhado de deputados. Trata‑se de defender ou atacar o mínimo de responsabilidade pública: a possibilidade de que representantes eleitos sejam investigados e responsabilizados por crimes ou abusos. Querem transformar o parlamento num espaço de proteção mútua, uma espécie de arca onde os privilegiados se escondem. Não é reforma institucional, é covardia institucional.

Quem pensa que isso não tem relação direta com a ascensão da direita bolsonarista e seus aliados está enganado. A impunidade é combustível para o autoritarismo e para os projetos que desmontam direitos e privatizam o que resta de serviço público no país. O Centrão flerta com essas forças porque dão a mesma prioridade: manter suas fortunas e privilégios intactos. E mais uma vez, o eleitor fica na plateia, vendo o teatro das negociatas.

Precisamos exigir clareza: voto aberto nas decisões que tratam da responsabilização de parlamentares; fim das manobras regimentais que blindam os que foram eleitos para servir, não para se proteger; e punição para quem usa o mandato como escudo. Lula e o PT, que têm pela frente o desafio de reorganizar a luta popular e reerguer serviços públicos, não podem deixar que essa lógica se banalize. A batalha institucional deve caminhar junto com a mobilização social — senão, as derrotas virão em cascata.

Se a democracia tem algum sentido, passa por enfrentar essas blindagens com firmeza. Não vamos aceitar aplausos e fotinhos em redes sociais enquanto nos tiram o direito de ver a Justiça agir contra corruptos. Hora de cobrar representantes, de ocupar debates, de apontar os artífices dessa trama e de lutar por um parlamento que responda ao povo — não aos acordos de bastidores. Quem acha que a presidência das instituições serve para proteger uns poucos, vai ter de explicar isso nas ruas e nas urnas!

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