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Alcolumbre reage a Eduardo Bolsonaro e convoca senadores para reunião emergencial de contenção

Davi Alcolumbre pegou firme no plenário e, sem dó, expôs a cara mais barroca do bolsonarismo: Eduardo Bolsonaro em missão gringa, fazendo lobby em Washington contra o próprio país. A cena — uma mistura de vexame diplomático e disputa interna pelo comando das hostes do PL — terminou numa reunião de emergência do presidente do Senado com líderes, reclamações cruzadas e uma clara tentativa de recolocar limites à banda podre que tenta tomar o Congresso como se fosse quintal particular.

Alcolumbre planta pé e chama a responsabilidade

Ao presidir a sessão, Alcolumbre não teve paciência para a gritaria: “não aguentaria mais ‘essas agressões calado'”, disse o senador, visivelmente incomodado com a operação de Eduardo nos Estados Unidos. Não se trata apenas de vaidade parlamentar — é a denúncia de um deputado que, desde fevereiro, virou representante oficioso de interesses estrangeiros tentando pressionar o governo de Donald Trump sobre o julgamento de Jair Bolsonaro no STF. “Ver um deputado federal, do Brasil, eleito pelo povo de São Paulo, lá nos Estados Unidos, instigando um país contra o meu país”, afirmou Davi Alcolumbre.

A situação tem ares de comédia tragédia: Eduardo, que foi nomeado líder da minoria na Câmara para driblar faltas e não perder o mandato, atua como se tivesse mais carteirinha de interesses externos do que compromisso com o eleitorado. Enquanto isso, setores noutra ponta tentam transformar o Senado em palco de chantagem política — como quando Valdemar Costa Neto, presidente do PL, ameaçou obstruir a pauta se não for pautado o projeto de anistia aos condenados por golpe. “A oposição irá obstruir os trabalhos caso o projeto da anistia aos condenados por golpe de Estado não seja pautado”, afirmou Valdemar Costa Netto.

Não podemos naturalizar que um deputado faça campanha no exterior para pressionar julgamentos no país em benefício de um réu político. O que está em jogo não é só a vaidade de um clã: é a soberania nacional e o respeito às instituições democráticas.

Na reunião improvisada, Alcolumbre reclamou também do rumor que circulou sobre sua ausência no dia anterior — quando não presidiu a sessão alegando uma indisposição estomacal. Participantes interpretaram o desabafo do senador como uma reação longa estocada: “um momento de desabafo” – participantes da reunião. Um senador que acompanhou a conversa ainda resumiu o tom do encontro como “foi um freio de arrumação”, uma tentativa de pôr ordem na casa antes que a confusão se transforme em cassação de autoridades e entrega da agenda pública a negociatas.

Diante das ameaças do PL, Alcolumbre foi firme: mandou avisar aos senadores da bancada que comuniquem a Costa Neto que ele não é senador e que não haverá paralisação da pauta por chantagem partidária. Ao mesmo tempo, buscou blindar procedimentos: comunicou ao presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Otto Alencar, que o relator da PEC das Prerrogativas será escolhido pelo próprio Alencar — Alcolumbre não fará indicação.

É curioso como a direita golpista se apresenta como defensora da “ordem” enquanto pratica o oposto: lobby em Washington, tentativas de anistia a conspiradores e pressão para engessar votações que protegem a democracia. E o mais lamentável é ver setores reacionários se apresentarem como “resistência” quando, na verdade, são uma milícia de interesses oligárquicos tentando proteger privilégios e abrir caminho para mais privatizações e entrega do patrimônio público.

Se há algo que essa crise revela é a necessidade de organização popular e de um campo progressista capaz de enfrentar essa ofensiva com firmeza. Lula e o PT já demonstraram que são centrais para avançar na recomposição de um projeto nacional que defenda estatais, serviços públicos e soberania — não basta vencer eleitoralmente, é preciso transformar vitória em política que desmonte as estruturas do poder conservador e impeça o retorno dos bilionários de sempre ao cardápio de privilégios.

A hora é de vigilância: não permitiremos que parlamentares que traem o país e dirigentes de partidos que chantageiam pautas coloquem em risco o futuro da nossa democracia. Que Alcolumbre e os aliados coloquem ordem na casa — e que as forças populares se preparem para manter pressão, mobilizar e derrotar de vez essa direita que só sabe oferecer retrocesso e privatização.

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