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CPI do INSS Convoca Dirigentes de Associações Investigadas por Fraudes Bilionárias

A CPI do INSS aprovou nesta quinta-feira (18) uma lista longa e incômoda: mais de 40 dirigentes de associações de aposentados e pensionistas foram convocados a depor por suspeitas de fraudes que, segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União, podem ter provocado um rombo de até R$ 6,3 bilhões nos cofres da Previdência. Não é apenas mais um escândalo para a roleta-jogo do noticiário: é a exposição de um esquema que abocanhava mensalmente benefícios de quem já vive no limite, transformando a velhice em fonte de lucro para quem não tinha competência — apenas habilidade para driblar a lei e explorar a fragilidade do povo. Se havia dúvidas sobre quem lucrou com a miséria alheia, a CPI começa a dar respostas.

A investigação aponta descontos não autorizados e cadastros forjados para validar cobranças, em um padrão que cheira a quadrilha bem organizada. Associação que não tinha estrutura para oferecer serviços acumulava valores retirados direto do benefício. Resultado: aposentados e pensionistas viram sua renda encolher sem saber por que, enquanto dirigentes e intermediários fechavam contratos e gavetas. A bancada da CPI já quebrou sigilos fiscal e bancário de entidades e agora quer ouvir os responsáveis — os depoimentos ainda serão agendados. Uma reunião chegou a ser cancelada após a desistência do chamado “Careca do INSS” de depor, episódio que só aumenta a sensação de encobrimento e medo de enfrentar a verdade.

Convite a membros do governo e o jogo político

Além dos dirigentes das associações, a CPI decidiu convidar para depor figuras do governo que, no papel, deveriam fiscalizar e coibir esse tipo de desvio: o advogado‑geral da União, Jorge Messias; o ministro‑chefe da CGU, Vinicius Marques de Carvalho; e o diretor‑geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Importante lembrar: ninguém é obrigado a ir. Curioso, não? Enquanto forças conservadoras e sua mídia fazem cortina de fumaça para minimizar crimes contra os trabalhadores, o governo é chamado a explicar omissões e falhas — e deve fazê‑lo com transparência. Ou o país aceita que decida o povo, ou aceitará, de novo, que decidam os de sempre: os poderosos e seus braços mefíticos.

A leitura política é clara: a direita aposta sempre na flexibilização do Estado, na privatização do que resta de público e na criminalização da própria ideia de defesa dos direitos sociais. O que a CPI mostra é que, sem controle e com estrutura pública frágil, a conta vira tragédia para os mais velhos. Como jornal socialista e militante, não podemos aceitar que o debate se limite a “faremos ajustes”. É preciso apuração sem perdão, punição exemplar e reforma das estruturas que permitiram essa sangria.

Quem está na mira

Entre os convocados, figuram presidentes de entidades como a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e o Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical) — este último com ligação familiar a um irmão do presidente Lula. Também aparecem nomes de dirigentes de associações como AMAR BRASIL, ABRAPPS, AAB, ASBRAPI, CEBAP, ABENPREB, CENTRAP, ASBAPI, ANAPI, UNBRAS e dezenas de outras siglas espalhadas pelo país. A lista é extensa e inclui tanto ex‑presidentes quanto assessores e dirigentes regionais. A CPI quer entender quem era beneficiário final desses recursos indevidos e como foram operacionalizadas as fraudes.

A direita, claro, tentará transformar a apuração em palanque para ataques ao governo progressista, alegando “uso político” das investigações. Mas investigar não é perseguição: é obrigação de qualquer Estado que se diga democrático proteger seus cidadãos. E mais: enquanto atacamos privatizações e defendemos estatais bem geridas, exigimos que o aparato público funcione contra corruptos, não contra os assalariados e aposentados.

A CPI do INSS pode ser um momento de limpeza ou mais um espetáculo de hipócritas — depende de até onde chegaremos com as investigações, da coragem das autoridades e da mobilização popular. Se de fato houver R$ 6,3 bilhões desaparecidos, que se recupere cada centavo e que os responsáveis respondam à lei. E que o debate avance: proteção social não é gasto, é direito democrático e instrumento de justiça social. Quem age contra isso tem que ser desmascarado sem dó!

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