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Pesquisa Quaest de setembro: Lula mantém liderança, Bolsonaro afunda e desafios para o PT aumentam

A nova pesquisa Quaest, feita entre 12 e 14 de setembro e com 2.004 entrevistados (confiança de 95%), entrega um recado claro: Lula segue na dianteira eleitoral, mas a recuperação de sua popularidade emperrou; a direita, encabeçada pelo clã Bolsonaro, está desgastada e cada vez mais rejeitada pela sociedade. Quem esperava que o bolsonarismo voltasse à cena com força — esqueça. Quem acha que isso garante tranquilidade ao projeto progressista do PT? Também não: é hora de disputar corações e mentes, ampliar direitos e aprofundar a luta contra as estruturas conservadoras que ainda resistem.

O que a pesquisa diz para Lula?

A melhora na avaliação de Lula iniciada em julho parou. A aprovação está em 46% (estável em relação a agosto), e a desaprovação em 51% (também estável). A economia segue sendo o calcanhar de Aquiles: embora a percepção de facilidade para conseguir emprego tenha subido de 34% para 41%, a sensação de que os preços dos alimentos continuam altos permanece esmagadora — 61% dizem que os alimentos estão mais caros. Programas sociais mantêm alto apoio: Bolsa Família tem 80% de aprovação e o Gás do Povo 67%. Contudo, cresce a percepção de que esses benefícios já são vistos como direitos consolidados (subiu de 51% para 65%), o que reduz o retorno político imediato para o governo. Lula lidera em todos os cenários testados para 2026 e venceria no 2º turno contra os principais adversários pesquisados.

Onde houve avanço real? Entre famílias com rendimento de 2 a 5 salários mínimos, a rejeição diminuiu: há empate técnico entre aprovação (46%) e reprovação (52%). O quadro mostra que a batalha é de projeto: manter e expandir direitos sociais é a melhor estratégia para consolidar apoio.

O que a pesquisa diz para a oposição?

O bolsonarismo, que tentou transformar trancos institucionais em normalidade, agora colhe rejeição. A percepção de que houve tentativa de golpe se consolidou: 55% acreditam que houve tentativa, e 54% entendem que Bolsonaro participou ativamente. Rejeição ao clã está nas alturas: 64% conhecem e não votariam em Jair; Michelle e Eduardo também ultrapassam os 60% de rejeição. A ideia de anistia também naufraga — 41% são contra qualquer anistia e apenas 36% defendem anistia geral. “Não há clima na sociedade brasileira hoje para uma anistia em relação ao ex-presidente. São 51% ‘não anistia’ ao ex-presidente Bolsonaro, somando os 41% que são contra [qualquer anistia] com os 10% que topam anistia apenas para os manifestantes” — Felipe Nunes, diretor da Quaest.

A pressão interna sobre o próprio campo bolsonarista cresce: a parcela que acha que Bolsonaro deveria desistir de disputar 2026 passou de 65% para 76%, com aumento entre eleitores que se identificam como de direita e até entre bolsonaristas. Nem os nomes substitutos da direita empolgam: Tarcísio, Ratinho Jr., Zema e Caiado têm desempenhos estáveis e longe de ameaçar a frente progressista. O ex-governador Ciro Gomes aparece com desempenho relativamente competitivo (40% a 33% frente a Lula), e chama atenção justamente por isso. “É o nome mais competitivo dentre todos os citados [diferença de 7 pontos em relação a Lula]. O segundo mais competitivo é Tarcisio [8 pontos]. O terceiro é Ratinho Jr. [12 pontos]” — Felipe Nunes, diretor da Quaest.

Entre as alternativas ao próprio Lula, 58% acham que ele não deveria concorrer; quando perguntados sobre substitutos, 40% ainda preferem Lula, e figuras como Geraldo Alckmin e Simone Tebet aparecem com percentuais baixos.

A lição é dupla: a direita está enfraquecida e o bolsonarismo vive sua crise de legitimidade — momento para avançar politicamente contra as forças conservadoras e impedir amnistias que reabilitem golpistas. Mas vitória eleitoral não é vitória política automática. É hora de o PT e as forças populares transformarem a liderança nas pesquisas em políticas públicas que enfrentem a inflação, aprofundem os programas sociais como conquistas de direitos e construam uma alternativa anticapitalista radical à altura das urgências do povo brasileiro. O desafio estratégico é grande — e não há tempo para acomodação.

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