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Depois do ultimato do União Brasil, Celso Sabino se reúne com Lula para definir seu futuro no Ministério

No dia seguinte ao ultimato do União Brasil para que seus filiados deixem cargos no governo federal em 24 horas, o ministro do Turismo, Celso Sabino, foi recebido por Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio da Alvorada para discutir seu futuro na pasta. A cena tem cheiro de conflito de cúpulas: um partido em crise tentando impor disciplina e o presidente lidando com as sobras de uma governabilidade frágil. Quem perde com essa briga? O país, claro — especialmente quando o objetivo explícito do União Brasil parece mais destruir do que construir.

Situação de Sabino

Sabino, deputado federal pelo Pará e ministro do Turismo há mais de dois anos, tem trocado mensagens e conversado com aliados na tentativa de evitar o afastamento. Ele quer ficar até a realização da COP30, marcada para novembro em Belém — e não é difícil entender por quê: perder a coordenação desse evento no seu estado seria um golpe político e simbólico. Além disso, a saída de um ministro em meio a um grande evento internacional dá à direita exatamente o que ela deseja: ruído, crise e distração.

O União Brasil acelerou o desembarque alegando “infidelidade partidária”: quem não sair dos cargos em 24 horas pode ser punido, até com expulsão. O partido transformou uma crise de imagem em ultimato público, com a elegância habitual das elites que preferem expulsar do que esclarecer. A decisão foi tomada na esteira de reportagens que ligam o presidente nacional do partido, Antonio de Rueda, ao Primeiro Comando da Capital (PCC) — ligação que Rueda nega.

“Nego todas as acusações”, disse Antonio de Rueda. Em contrapartida, a direção do União Brasil afirmou ver uma ação do Estado para desgastar seu presidente: “Há uma percepção de uso político da estrutura estatal para desgastar Rueda”, disse a sigla. Traduzindo: quando a sujeira chega perto demais, melhor acusar o governo de “manipulação” do que responder às acusações de forma transparente. Estratégia típica de quem está mais preocupado com a imagem do partido do que com a verdade ou com o interesse público.

Enquanto isso, o próprio União Brasil tem ministros que não serão atingidos pela resolução — o Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes, e as Comunicações, com Frederico Siqueira —, que estão na cota pessoal do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e não são filiados ao partido. Ou seja: o jogo é seletivo, de espetáculo e cálculo político, não de princípios. A direita mostra, mais uma vez, que sua prioridade é preservar espaços de poder e buscar vantagens eleitorais, mesmo às custas do país.

Lula, por seu turno, tem mostrado a combinação de habilidade política e firmeza necessária em tempos de tempestade. O presidente recebeu Sabino no Alvorada porque precisa administrar coalizões, cumprir a agenda governamental e blindar medidas públicas — e porque sabe que um desgaste artificial do governo beneficia a mesma direita que atacou nossas instituições por anos. Não podemos tolerar que a chantagem de partidos conservadores descarrile administrações democráticas e progressistas.

Quem acompanha a política brasileira sabe que o movimento do União Brasil não é um ato isolado: é parte de uma estratégia maior de fragmentação, de pressão por cargos e de alinhamento com interesses privados que querem privatizar tudo o que deu certo para o povo. Por isso, a esquerda e os movimentos populares precisam transformar a indignação em organização política sólida, defendendo gestões públicas e as estatais contra a sanha privatista dos bilionários de sempre.

Se Sabino ficar ou sair, o que está em jogo é maior do que um ministério: é a capacidade do governo Lula de resistir aos ataques coordenados da direita e de usar sua base social e parlamentar para avançar numa profunda transformação. A disputa é dura — e exige unidade, iniciativa e coragem para não recuar diante do gueto midiático e dos chantagistas partidários. A hora é de mobilizar, não de negociar baixarias.

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