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Lula: “Religião não pode ser moeda de troca eleitoral” e critica deputados distantes do povo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a colocar o dedo na ferida: religião não pode ser moeda de troca eleitoral. Em entrevista ao podcast Papo de Crente — programa da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito — Lula reafirmou o que, para quem milita pela democracia popular, deveria ser óbvio: usar fé como palanque é sujar a espiritualidade com política de balcão. Mas isso não impede que o campo progressista faça o diálogo necessário com as comunidades religiosas, sem vender a alma ao mercado nem aos pastores-celebridade que viraram empresários da fé.

“Eu não tenho hábito de fazer politica tentando dividir a sociedade por religião. Eu não gosto de ir numa igreja em época de campanha. Sinceramente, eu não gosto. Nem da católica, nem da evangélica, em nenhuma igreja. Porque eu não acho que gente deva utilizar o nome de Deus em vão. Eu não acho que a gente deva utilizar a religião eleitoralmente”, afirmou Lula. Em seguida, o presidente completou outro golpe certeiro contra a hipocrisia: “A minha crença é que Deus está em todo o lugar e Deus está vendo quem está mentindo e quem está falando a verdade”, acrescentou.

Não sejamos ingênuos: a direita religiosa sempre soube transformar fé em caixa registradora de votos. Bolsonaro fez disso uma arte — ou melhor, um negócio — frequentando cultos, recebendo pastores no Planalto e alinhando-se a figuras como Silas Malafaia, enquanto sua família e aliados trafegavam entre igreja e poder com a naturalidade de quem confunde templo com gabinete. Michelle Bolsonaro levava o marido a cultos; malandragens e negócios com laços religiosos viraram rotina. E quando as investigações chegam perto, olha só: buscas e apreensões envolvendo pastores e filhos de políticos aparecem para confirmar o que muita gente já sabia.

Ao mesmo tempo, Lula e o PT fizeram acenos aos evangélicos na campanha de 2022 — inclusive com a publicação da “Carta Compromisso com os Evangélicos”, num evento em São Paulo que trouxe promessas e recuos estratégicos sobre temas sensíveis. Na carta, o então candidato enfatizou liberdade religiosa e reafirmou posições conservadoras em algumas pautas, como o aborto. Para quem milita pela transformação radical da sociedade, isso não é prova de fraqueza: é tática. O desafio é manter coerência programática depois da eleição e usar essas alianças para fortalecer direitos sociais, proteção ao Estado e resistência às privatizações.

Falta compromisso da Câmara com trabalhadores, diz Lula

“Pega a Constituição e veja todos os direitos sociais. Não são regulamentados por quê? Porque a maioria dos deputados não são trabalhadores, não tem compromisso com os trabalhadores, são gente de classe média alta, que pouco tá ligando para o povo. Essa é a verdade”, declarou Lula. Não poderia ser mais direto: enquanto a direita econômica e seus representantes no parlamento fizerem o jogo do mercado, programas sociais e direitos ficam à mercê de cortes e sabotagens. E o receio do presidente é real: se o governo afrouxar a atenção com políticas sociais, “entra um outro cara qualquer, mentiroso, e acaba” com tudo o que foi conquistado.

A religião não pode ser utilizada como mercadoria eleitoral nem escudo para negócios escusos! É preciso diálogo com as comunidades de fé sem trair a classe trabalhadora e sem abrir mão do projeto de Estado que defendemos: público, soberano e comprometido com os pobres!

No fim da entrevista, um momento simbólico: a primeira-dama Janja cantou, junto com uma das apresentadoras, o louvor “Deus Cuida de Mim”, de Kleber Lucas — gesto que mistura afeto, cultura e política num país onde fé e política sempre andaram grudadas, para o bem e para o mal.

A disputa não é apenas entre crentes e descrentes; é entre projetos antagônicos: um que quer privatizar tudo, até a esperança, e outro que busca recuperar o Estado como instrumento de emancipação popular. Não se trata de demonizar a fé — trata-se de combater sua exploração por classes e oligarquias que já estão de olho no próximo leilão. Então qual é nossa tarefa? Defender o diálogo sincero com comunidades religiosas, ampliar direitos, proteger estatais e pressionar para que o PT e a frente popular transformem acenos em políticas que deem comida, escola e dignidade para o povo. Afinal, fé sem justiça social é só ilusão — e nós não queremos ser cúmplices dessa fantasia.

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