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Por que o Brasil sempre abre os discursos na Assembleia Geral da ONU?

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abrirá a Assembleia Geral da ONU em Nova York, nesta terça-feira (29), e como manda a tradição o Brasil será o primeiro a falar — seguido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Não é só protocolo: é cena política! Lula sobe ao púlpito global para colocar no centro do debate internacional uma pauta que incomoda os donos do mundo: direitos sociais, soberania nacional, combate às privatizações e denúncia das alianças entre bilionários e governos reacionários. Quem ainda acredita que a ONU é palco neutro, acorde!

Desde 1955 o Brasil ganhou o “privilégio” de abrir as sessões — e, como sempre que há privilégios internacionais, há explicações com cheiro de piada. Uns dizem que foi um “prêmio de consolação” por não integrar o Conselho de Segurança; outros juram que a escolha deu-se porque o país era visto como neutro diante da Guerra Fria. A versão mais charmosa — e útil para quem gosta de histórias bonitinhas — é a que fala de generosidade brasileira: quando ninguém queria falar primeiro, “o Brasil sempre se oferecia”. Havia até quem explicasse isso com um sorriso ingênuo.

“Em tempos muito antigos, quando ninguém queria falar primeiro, o Brasil sempre se oferecia para falar primeiro. E assim ganhou o direito de falar primeiro na Assembleia Geral”, disse Desmond Parker, chefe de protocolo da ONU, à NPR em 2010.

Que tal deixar claro: esse lugar de fala não é símbolo de subserviência, mas de responsabilidade. Lula não vai lá para fazer média com as elites; vai para dizer o que milhões de brasileiros querem ouvir: que não há futuro sem soberania econômica, sem serviços públicos fortes e sem enfrentar o imperialismo das grandes corporações e dos governos amigos do mercado financeiro. Enquanto o anfitrião, o senhor Trump, sobe logo depois com seu discurso de sempre — proteger interesses e recusar compromissos reais com clima e justiça social —, o Brasil terá a chance de contrapor narrativas.

Ordem, exceções e quem cala consente?

A ordem de oradores segue regras protocolares: chefe de Estado primeiro, depois vice-chefes, príncipes herdeiros, chefes de governo, ministros e assim por diante — e o país anfitrião tem seu lugar assegurado. Desde 1955 o padrão foi respeitado, com poucas e curiosas exceções (como em 1983 e 1984, quando os Estados Unidos falaram primeiro, ou em 2016 e 2018, quando atrasos mudaram a fila). Mas protocolo à parte, o que importa é o conteúdo do discurso. Será que Lula tratará a guerra na Ucrânia com a mesma firmeza com que defende o fim das desigualdades no Brasil? Aposto que sim.

Lula não vai discursar para agradar Wall Street ou para vender ativos públicos ao capital estrangeiro. Vai falar pelas estatais que garantem emprego e desenvolvimento, pelas políticas que colocam comida na mesa, pela educação pública que forma gerações — tudo que a direita privatista e seus arautos bilionários querem desmontar. E isso dá nos nervos deles! Afinal, nada incomoda mais o mercado do que governo que prioriza povo e democracia.

Se o discurso for firme, será um recado claro aos golpistas, aos clones bolsonaristas e a qualquer força que promova retrocessos no Brasil. Não se trata só de retórica: é uma disputa de projeto de país. Lula e o PT têm a responsabilidade histórica de transformar alternância eleitoral em avanço de classe, de usar espaços como a ONU para denunciar a violência dos que lucram com guerra, fome e destruição ambiental.

O mundo observa. E nós também devemos observar, cobrar e mobilizar. Não adianta aplaudir o tom num palanque internacional se lá dentro do país a direita reconstrói suas muralhas e suas narrativas de ódio. Que o discurso de Lula seja o primeiro passo — simbólico e real — de uma nova etapa de luta anticapitalista, que derrube as estruturas conservadoras e fortaleça um projeto popular de verdade. Precisamos disso, e precisamos agora!

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