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Pressão das ruas força Senado a rever e buscar derrubar a PEC da Blindagem

A pressão das ruas mostrou mais uma vez o que a política institucional tenta esconder: quando o povo sai às avenidas, os acordos nos gabinetes trepidam. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), deixou claro que a onda de manifestações do último domingo (21) mudou a estratégia sobre a famigerada PEC da Blindagem — e que agora a intenção é votar e derrubar o texto no Senado, possivelmente ainda nesta semana. “As manifestações do último domingo motivaram uma mudança de estratégia na tramitação da chamada PEC da Blindagem na Casa”, disse Otto Alencar, presidente da CCJ do Senado. Chega de conchavos para proteger privilegiados!

A manobra inicial era típica: tentar omitir o texto na CCJ para empurrar o problema com a barriga, esperando que a pauta esfriasse. Mas a sociedade não caiu no conto: milhares foram às ruas, do MASP às periferias, exigindo que o Congresso não transforme em norma o que é ataque à democracia e à transparência. “Inicialmente, a ideia era evitar pautar o texto na CCJ, na tentativa de ‘empurrar o problema com a barriga’. Mas a pressão da sociedade foi tão grande durante as manifestações desse domingo, que não faz mais sentido segurar a proposta”, completou Otto. A reação popular deixou claro: blindagem para corruptos e anistia para crimes políticos não passarão sem luta!

Pressão nas ruas e cálculo eleitoral

Os números que Otto trouxe explicam o gesto tático do Senado: na CCJ já haveria pelo menos 18 votos contrários ao texto, num colegiado de 27 senadores — suficiente para derrota. No plenário, ele estima pelo menos 50 senadores dispostos a votar pela derrubada, em um total de 81. “Dentro da comissão, já são pelo menos 18 votos contrários ao texto… No caso do plenário, pelo menos 50 senadores pretendem votar pela derrubada”, afirmou Otto Alencar. Com essa contagem, a PEC tem mais chance de voltar ao lixo da história do que de sair vitoriosa.

Há também um componente eleitoral óbvio: “Os senadores estão preocupados com as eleições de 2026, tendo em vista que a eleição para conquistar uma cadeira na Casa é majoritária”, explicou Otto, lembrando que a lógica do Senado é menos protegida por bancadas e mais sensível à opinião pública do que a Câmara. Ou seja: enquanto deputados se beneficiam do voto de legenda e acordos internos, senadores sentem o peso das ruas — e isso, para nós, é uma boa notícia. Senadores sabem que não podem fingir indiferença quando a rua grita!

O acordo citado por Otto com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), mostra que até setores do chamado “centrão” preferem evitar a marca de tentar blindar poderes e interesses anti-democráticos agora, sob o olhar atento da população e da cobertura midiática. Essa movimentação revela que a unidade necessária para aprovar regalias aos poderosos está se esfarelando diante da pressão popular — fruto, também, da organização das esquerdas, movimentos sociais e da juventude que foi às praças.

Não podemos, porém, nos iludir: derrotar a PEC da Blindagem é um avanço tático importante, mas não basta. É preciso transformar essa energia em construção política duradoura, fortalecendo projetos que enfrentem os bilionários, defendam as estatais e ampliem direitos. A batalha institucional tem que caminhar junto com a mobilização social e com uma estratégia clara que coloque Lula e o PT como instrumentos — não meros gestores — de uma etapa mais ampla de disputa com o capital e suas forças reacionárias.

Se o Senado, por ora, recuar, isso se deve à coragem das ruas e ao medo dos que querem se perpetuar no poder. Que sirva de lição: mobilização popular fecha brechas, desmantela acordos espúrios e enrola o tapete do conservadorismo. Agora é intensificar a luta — nas ruas, nas urnas e nas instituições — para que não voltem com novas tentativas de blindagem. O combate ao bolsonarismo e às suas ramificações continua, e não teremos trégua enquanto estiverem de pé os interesses que querem privatizar, saquear e silenciar o povo.

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