luta socialista

Alexandre de Moraes solicita data para julgamento do núcleo 4 da trama golpista no STF

O pedido do ministro Alexandre de Moraes para que a Primeira Turma do STF marque o julgamento do chamado núcleo 4 da trama golpista é um passo que precisava acontecer — e que acende um alerta sobre a necessidade de enfrentar com rigor as forças que tentaram desmontar a democracia brasileira. Não se trata apenas de nomes numa lista: é a investigação de um aparato de desinformação que teve objetivos políticos claros, sempre em conluio com as tendências autoritárias que ainda rondam nosso país.

O núcleo 4, segundo a Procuradoria-Geral da República, é composto por sete pessoas, em sua maioria militares, apontadas como responsáveis por “operações estratégicas de desinformação”. O grupo é formado por: Ailton Gonçalves Moraes Barros; Angelo Martins Denicoli; Carlos Cesar Moretzsohn Rocha; Giancarlo Gomes Rodrigues; Guilherme Marques Almeida; Marcelo Araújo Bormevet; e Reginaldo Vieira de Abreu. São rostos que, se confirmadas as acusações, ajudaram a arquitetar um golpe de narrativa para corroer instituições e legitimar ataques antidemocráticos.

No despacho, Moraes informou que já se encerrou a instrução processual, foram feitas as diligências complementares e as alegações finais tanto da PGR quanto das defesas foram apresentadas. Agora a bola está com o presidente da Primeira Turma, o ministro Cristiano Zanin — ou com o ministro Flávio Dino, que será o próximo presidente da Turma — para fixar a data do julgamento. “Solicito (…) dias para julgamento presencial da presente ação penal”, escreveu Moraes no despacho, deixando claro que quer que isso venha a público e sem mais protelações.

Por que isso importa? Porque vivemos um momento em que a desinformação deixou de ser mera matéria de rede social para se tornar instrumento de tomada de poder. Esses esquemas não atuam no vácuo: têm financiamento, logística, conexões com setores militares e econômicos e uma finalidade política precisa. Enquanto a direita golpista se esconde atrás de slogans e memes, sua estratégia é estrutural e perigosa. Não podemos permitir que as versões modernizadas do bolsonarismo ganhem fôlego e voltem a organizar ataques à nossa democracia.

Há um componente simbólico também. O julgamento dessa turma será um teste para a resistência das instituições — e para a própria capacidade do campo democrático de impor consequências. A direita perdeu a eleição, mas não se resignou; segue operando subterraneamente, tentando minar a normalidade institucional para forçar rupturas. O papel do STF, quando bem exercido, é frear essas tentativas e garantir que os responsáveis sejam julgados com transparência.

E que não se pense que tratar esse caso é apenas “perseguir” adversários políticos. Estamos falando de ações que, se efetivamente provaram operar com a intenção de desestabilizar o Estado de Direito, constituem crime contra a ordem democrática. A defesa da democracia não é neutra: ela exige posicionamento — e ação. É hora de marcar a data: sem demora e com todo rigor!

Para nós, que militamos por um projeto popular autêntico e anticapitalista, o episódio reforça outra lição: a defesa das estatais, da regulação das mídias e de políticas públicas robustas é condição para evitar que interesses privados e grupos de extrema-direita capturem o debate público. Lula e o PT, apesar de críticas necessárias e complexidades internas, são hoje parte central de uma etapa de recomposição das forças populares contra o neoliberalismo e suas variantes autoritárias. Não há neutralidade possível diante de quem quer privatizar e desmantelar o que é público.

Que o processo siga, portanto, com publicidade e celeridade. Que as provas sejam debatidas em plenário, que as defesas tenham todo o direito de resposta e que o país veja, finalmente, nomes e responsabilidades claras. Se houver condenações, que sirvam de aviso: a democracia brasileira não será varrida por uma rede de mentiras e milícias políticas. Se houver absolvições, que sirvam também de lição para reforçar nossa organização e vigilância permanente sobre as forças da direita. A luta continua — na Justiça, nas ruas e nas urnas.

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