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CPMI do INSS confirma depoimento de ‘Careca do INSS’ para quinta-feira

A CPMI que investiga os desvios nas aposentadorias do INSS confirmou a oitiva de Antônio Carlos Camilo Antunes, o conhecido “Careca do INSS”, para a próxima quinta-feira (25). A confirmação foi anunciada pelo presidente da comissão, senador Carlos Viana, enquanto a sessão desta segunda-feira (22) ouvia Rubens Oliveira Costa, um dos sócios ligados ao esquema. O país acompanha não só mais um capítulo de um escândalo bilionário, mas também a tentativa de blindagem que sempre aparece quando a roubalheira toca o bolso da classe trabalhadora.

Desistência de depoimento

A presença de Antunes já havia sido alvo de suspense: na segunda-feira (15) a reunião da CPMI foi cancelada depois que a defesa comunicou que ele não compareceria. Ele segue detido na superintendência da Polícia Federal em Brasília. “Está confirmada a presença dele na quinta-feira e espero, com sinceridade, que seja cumprido o trato que foi feito”, disse o senador Carlos Viana ao confirmar a nova data. E, com o sarcasmo característico, Viana complementou: “Certeza na vida a gente só tem com a morte. Essa não se escapa dela. Mas há uma boa conversa com o advogado…”

A defesa havia dito, em nota ao blog da jornalista Camila Bomfim no g1, que Antunes pretendia usar a oitiva para se defender das acusações — declaração depois abandonada. “Antunes pretendia comparecer à oitiva, e que iria usar o depoimento para se defender das acusações”, afirmou a equipe jurídica. No entanto, a desistência mostrou que o show de recuos e manobras jurídicas segue funcionando à perfeição quando se trata de empresários e operadores que se beneficiam da corrupção.

Papel na fraude

A Polícia Federal aponta Antunes como um dos articuladores do esquema que desviou bilhões do INSS, com provas de pagamentos de propina a servidores e de cadastros fraudulentos de beneficiários. As investigações indicam que associações e entidades cadastravam aposentados sem autorização, com assinaturas falsificadas, para descontar mensalidades diretamente dos benefícios. Segundo a PF, Antunes transferiu R$ 9,3 milhões para pessoas ligadas a servidores do INSS entre 2023 e 2024 — dinheirama que saiu do suor de quem trabalhou a vida inteira para sustentar o sistema público.

O esquema não foi apenas falta de controle: foi roubo em escala industrial. Não dá para aceitar que estruturas inteiras do Estado sejam usadas como mercadoria para enriquecer poucos e esmagar milhões de aposentados!

Vale lembrar que o ministro-relator no STF, André Mendonça, decidiu que a participação de Antunes na CPMI seria facultativa, abrindo brecha para mais um jogo de cartas jurídicas que tenta proteger os réus. Mas a CPI tem que colar nas pegadas: mandou ouvir sócios, advogados e familiares para rasgar a cortina de fumaça.

Familiares convocados

Com a desistência do principal alvo, a comissão aprovou a convocação de seis pessoas ligadas ao grupo empresarial. Foram chamados o filho e sócio Romeu Carvalho Antunes, a esposa e sócia Tânia Carvalho dos Santos, e outros sócios e advogados ligados à operação — entre eles Rubens Oliveira Costa, que está sendo ouvido, e Milton Salvador De Almeida Junior. Também foi citado o advogado Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, já ouvido pela CPMI na quinta (18).

É preciso que a CPI role a fita toda e que esses parasitas não escapem da punição. Não basta espetáculo midiático: queremos investigação profunda, responsabilização efetiva e reparação às vítimas — aposentados e pensionistas que tiveram seus benefícios saqueados.

A fatura dessa roubalheira não pode ser paga pela sociedade enquanto as bolhas de poder e riqueza seguem intactas. Nesta disputa, a esquerda tem de continuar mobilizando, denunciando e exigindo que a direita e seus operadores — sempre prontos a defender privilégios — não voltem a transformar o Estado em balcão de negócios. Ou a CPMI faz o seu papel e entrega resultados concretos, ou tudo volta à estaca zero, com os poderosos rindo do resto do país.

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