A recente determinação do ministro Alexandre de Moraes colocando Jair Bolsonaro em prisão domiciliar não apenas sacudiu o país, mas escancarou a hipocrisia dos que fingem defender “liberdade de expressão” enquanto a utilizam para incitar o golpe. À medida que o ex-capitão se isola em casa, seus aliados vociferam sobre perseguição política. Mas quem realmente teme a Justiça é aquele que, uma vez no poder, alimentou milícias digitais e estimulou ataques ao Supremo Tribunal Federal.
Divisão nas redes
Um levantamento da Quaest trouxe números que revelam o nível de polarização: 1,2 milhão de menções sobre Bolsonaro e o decreto de prisão domiciliar foram analisadas entre 18h e 21h de segunda-feira. O resultado? 53% das postagens apoiavam a medida e 47%, rejeitavam. Isso mostra que parte da população não tolera mais obstruções à Justiça e medidas antidemocráticas, enquanto a outra ainda se agarra ao mito do “mito”.
Segundo a Quaest, em apenas três horas foram registradas 153 mil menções, com picos de 51 mil interações por hora – mais que as sanções da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes (31 mil), mas abaixo da cobertura quando Bolsonaro recebeu a tornozeleira eletrônica em julho (72 mil). A constatação é clara: o ex-presidente continua sendo o ingrediente favorito do circo político nacional, ora protagonizando como vítima, ora como algoz.
O motivo da prisão domiciliar
A decisão de Moraes incluiu a apreensão de celulares e a proibição de visitas a aliados. Para o ministro, o ex-presidente, embora proibido de usar redes sociais, valia-se de contas de terceiros – incluindo as de seus três filhos parlamentares – para disseminar mensagens de instigação contra o STF e até pedir uma “intervenção estrangeira” no Judiciário brasileiro.
“A medida de prisão domiciliar é estritamente necessária para proteger a ordem democrática e impedir novos ataques à Corte”, declara o jurista José Carlos Dias. De fato, não se trata de perseguição, mas do cumprimento de obrigações impostas pelas próprias cautelares de julho, quando Bolsonaro desrespeitou o uso de tornozeleira e continuou em atos públicos!
Quem apoiou a invasão do Congresso em 2023 não pode alegar agora que a lei é selectiva. O sistema jurídico reagiu exatamente ao comportamento de alguém que incentiva a deslegitimação de instituições democráticas.
Interferência internacional
Como era de se esperar, o Departamento de Estado dos EUA saiu em defesa de Bolsonaro, condenando a prisão domiciliar e ameaçando retaliações. Ora, se existe histórico de violações de direitos humanos cometidas pelos norte-americanos mundo afora, por que tanta preocupação com a “liberdade” de um político que prega o fechamento do Supremo e o fuzilamento de adversários?
“A reação americana revela um duplo padrão: criticam aqui, mas aplaudem golpes e ditaduras quando convém aos seus interesses”, aponta a professora de Relações Internacionais Marília Castro. A interferência dos EUA não surpreende: afinal, é a mesma superpotência que patrocina sanções e bloqueios econômicos contra quem não se curva ao seu capital.
Enquanto isso, no Brasil, Lula e o PT demonstram que a luta anticapitalista e a defesa das estatais não são meras retóricas eleitorais, mas pilares de um projeto nacional-popular de soberania. Não podemos esquecer: foi o governo Lula que ampliou programas sociais e fortaleceu a Petrobras contra as tentativas de privatização orquestrada pela direita.
Com Bolsonaro em prisão domiciliar, é hora de manter o alerta aceso. A extrema direita, mesmo acuada, nunca desaparece: se reorganiza nas redes, mobiliza milícias e conta com apoios internacionais espúrios. Por isso, a derrubada das estruturas conservadoras exige vigilância política constante e a construção de um projeto de poder realmente popular, capaz de superar os limites eleitorais e enfrentar o imperialismo. A nossa arma? A mobilização de massas, a união com o movimento sindical e a defesa de uma educação emancipadora. Só assim garantiremos que essa vitória judicial se transforme em avanço social!