Lula desembarca em Nova York num momento de tensão diplomática e política — e não por acaso. Esta viagem, a primeira do presidente à sede das Nações Unidas desde a posse de Donald Trump, vem marcada por um “tarifaço” de 50% imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros e por sanções dirigidas a figuras do nosso Judiciário. O cenário é simples: um embate entre soberania e interferência, entre defesa da democracia e o velho hábito imperial de sair ditando regras ao mundo todo. Quem estava com saudade da política externa submissa, pode voltar a dormir…
Discurso de Lula na ONU
Lula abre o Debate Geral da 80ª Assembleia da ONU — tradição em que o Brasil inicia a sessão — e, na prática, terá a chance de oferecer um contraponto claro às posições do governo Trump. Vai falar de soberania, defesa da democracia, multilateralismo, reforma da ONU, COP30 e proteção ambiental, além das guerras na Faixa de Gaza e na Ucrânia. Tudo aquilo que um estadista de verdade discute quando não está mais preocupado em agradar bilionários e entreguistas.
O segundo discurso será o do representante americano. Imagina só o espetáculo: dois antagonistas, corredores apertados e, quem sabe, um ou outro encontro frio entre olhares. Lula e Trump trocaram provocações nos últimos meses — e não é por falta de motivos. O aumento tarifário americano foi vendido aos incautos como combate a uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro; a verdade é que foi um tapa na cara da soberania brasileira. Trump tentou, descaradamente, interferir num processo judicial sobre a condenação de Jair Bolsonaro — uma tentativa de controlo política que cheira a amadorismo e desespero. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses pelo STF por tentativa de golpe — e isso, obviamente, incomoda a turma do atraso.
Lula chega para reafirmar que o Brasil não é quintal de nação nenhuma! Seu discurso promete não apenas rebater o protecionismo hipócrita dos EUA, mas também reafirmar a necessidade de uma voz sul-americana firme em defesa dos povos e do planeta.
Sanções e soberania
A visita ocorre um dia depois do governo americano anunciar a revogação do visto do advogado-geral da União, Jorge Messias, e de aplicar sanções com base na lei Magnitsky à Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes. Com a medida, bens de Viviane nos EUA podem ser bloqueados e quaisquer negócios com empresas americanas ficam impedidos — o mesmo já havia sido aplicado ao próprio Alexandre de Moraes em julho. Traduzindo: os EUA querem ditar quem pode ter relações econômicas e pessoais — um verdadeiro enfileiramento de humilhação diplomática sob o pretexto de punir aliados do país.
Será que alguém ainda acredita que isso é sobre “justiça” e “valores”? Não, é sobre pressão política e manutenção de domínios. E é por isso que a postura de Lula na ONU é essencial: defender a independência do Judiciário brasileiro, denunciar interferências externas e reafirmar a soberania nacional. O presidente e sua equipe querem marcar posição, ser protagonista de uma política externa que volte a olhar para os interesses populares e para a integração sul-americana — algo que a direita sempre sabotou com privatizações e entrega de nossas riquezas aos amigos do mercado.
A tarefa é grande: reconstruir laços multilaterais, enfrentar o protecionismo seletivo e colocar o Brasil ao lado das lutas por justiça climática e paz. Se Lula teve papel central no ressurgimento de um Brasil que dialoga com o mundo sem perder dignidade, o PT tem um papel ainda mais ambicioso: ser a vanguarda de uma nova etapa de luta anticapitalista aqui dentro do país. Vamos ver se os corredores da ONU têm espaço para debate sério ou se serão apenas palco para o circo das grandes potências.
No fim das contas, a jornada em Nova York é mais do que protocolo: é um teste de força política. Quem vai sair mais enfraquecido — o imperialismo protecionista ou o Brasil que se recusa a ajoelhar? A resposta começa com o discurso e continua nas ruas. Quem ganha com isso? O povo que luta. Quem perde? A direita e seus tentáculos.