O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca em Nova York para abrir o debate geral da 80ª Assembleia Geral da ONU em meio a um clima de faca nos dentes entre Brasília e Washington. É a primeira viagem de Lula aos Estados Unidos desde a posse de Donald Trump, e chega num momento tóxico: tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, sanções à altura de provocação diplomática e uma tentativa aberta de interferência nos assuntos internos do país. Será que o Brasil vai aceitar passivamente essa investida da direita internacional ou Lula vai usar a tribuna da ONU para devolver o troco político que a nossa soberania exige?
Quem quiser acompanhar pode ver a cobertura ao vivo no g1, nos canais oficiais da ONU no YouTube e no canal do presidente Lula no YouTube. Lula mantém a tradição de o Brasil abrir o debate na Assembleia Geral, privilégio que precede o discurso do anfitrião, o próprio Donald Trump. Há expectativa até de um encontro nos corredores — será aperto de mão ou tensão explícita? Prepare a pipoca.
O que esperar do discurso de Lula
“Segundo auxiliares, o texto preparado por Lula vai abordar: defesa da soberania nacional; democracia e multilateralismo; críticas ao protecionismo e às taxações comerciais; proposta de reforma da ONU; compromissos da COP30 e preservação ambiental; conflitos na Faixa de Gaza e na Ucrânia.” A ideia é clara: marcar posição como contraponto às teses de Trump, sem precisar citar o adversário pelo nome — ainda que todo mundo saiba de quem se trata.
Em campo aberto, a disputa já não é só retórica. O tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos atingiu exportadores e abriu feridas econômicas; medidas punitivas recentes — como a revogação do visto do advogado-geral da União, Jorge Messias, e a sanção via lei Magnitsky contra Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes — transformaram relações diplomáticas numa arena de agressões mútuas. “caça às bruxas”, afirmou Donald Trump referindo‑se ao ex‑presidente Jair Bolsonaro, um termo que mostra o espetáculo midiático e a tentativa de proteger aliados de extrema-direita mesmo diante de condenações e evidências. Trump chegou a tentar interferir no julgamento de Bolsonaro, condenado por tentativa de golpe — escândalo que expõe o nível de desrespeito institucional dessa ala reacionária.
O discurso de Lula deve, portanto, costurar várias frentes: defesa das estatais e das políticas públicas, apelo à soberania nacional, defesa de uma ONU mais justa e eficiente, compromisso com metas ambientais da COP30, e posicionamento sobre os conflitos na Faixa de Gaza e na Ucrânia. Espera‑se um tom que mistura firmeza diplomática e denúncia política: acusar o protecionismo seletivo dos EUA, sem abrir mão de propostas concretas de reforma multilateral. O objetivo é claro: posicionar o Brasil como alternativa progressista num tabuleiro global dominado por interesses corporativos e por uma direita que usa o Estado para proteger bilionários.
Para nós que lutamos por um projeto popular autêntico, a fala de Lula na ONU é mais do que diplomacia: é palco de disputa ideológica internacional. Não se trata apenas de reagir às agressões externas, mas de colocar o Brasil no centro de uma frente que defenda soberania econômica, setores estratégicos sob controle público e solidariedade entre os países do Sul Global.
No fim das contas, o discurso na ONU será um termômetro: até que ponto Lula consegue traduzir força doméstica e projeto anticapitalista em influência externa? E até que ponto a direita global, com seu espetáculo de sanções e xingamentos, será desmantelada politicamente por quem representa, de verdade, as massas? A resposta começa às 10h (horário de Brasília) — e será um momento para observar, criticar e, claro, mobilizar!