O discurso de Lula na 80ª Assembleia Geral da ONU foi a combinação perfeita entre firmeza diplomática e confronto direto com a direita internacional e seus comparsas domésticos. Em Nova York, o presidente deixou claro que o Brasil não aceita intromissões, celebra a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe e põe na mesa pautas que incomodam os poderosos: soberania, regulação das redes, clima e reforma das instituições globais. E, claro, jogou recados que doem no ego dos chefes do bullying global — especialmente aquele que atende por Trump.
Agressão ao Judiciário e a mensagem contra o golpismo
Lula não veio fazer média. Ao responder às sanções americanas e às pressões, lembrou que o país reconquistou a democracia após décadas de ditadura e que ela não é moeda de troca. “Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há 40 anos pelo seu povo depois de duas décadas de governos ditatoriais” — Lula. E fez um aviso direto aos que ainda sonham com autoritarismo: “Não há pacificação com impunidade” — Lula. Não é retórica vazia: Bolsonaro foi condenado pelo STF por tentar impedir a posse democrática — um recado histórico que o mundo viu e que devemos transformar em força política para esvaziar de vez o projeto golpista. O Brasil mostrou que não aceita tutelas estrangeiras nem golpismos domésticos!
Recados a Trump e defesa do multilateralismo
Sem citar nomes a cada frase — mas deixando o destinatário perfeitamente identificável — Lula criticou a política de sanções unilaterais e o “poder do poder”. “Não há justificativas para as medidas unilaterais e arbitrárias contra as nossas instituições e nossa economia” — Lula. A taxação de 50% sobre produtos brasileiros é a face mais moderna do desastre: protecionismo seletivo que visa proteger interesses ideológicos e econômicos, não comércio justo. O presidente reafirmou a defesa do multilateralismo e pediu que a voz do Sul Global seja ouvida — porque cansamos de sermões vindos de gabinetes de privilegiados que acham que podem ditar regras ao planeta.
Gaza, paz e a COP da verdade
Lula não poupou palavras ao criticar ações que beiram o indizível em Gaza: “Os atentados terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo, mas nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza” — Lula. Ao mesmo tempo, lançou o convite para a COP30 em Belém: “A COP30, em Belém, será a COP da verdade. Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta” — Lula. O presidencial lembra o óbvio que a direita finge não ver: bombas não resolvem crise climática. Precisamos de justiça social e preservação ambiental — já chega de hipocrisia.
Redes sociais, regulação e diálogo regional
No terreno das tecnologias, Lula foi prático: regular não é cercear expressão, é estender ao mundo digital as regras mínimas de convivência e de lei que existem no presencial. “Regular não é restringir a liberdade de expressão, é garantir que o que já é ilegal no mundo real seja tratado assim também no mundo virtual” — Lula. Também defendeu diálogo na Venezuela e soluções negociadas para Ucrânia, sem fechar portas a processos de paz. Afinal, a diplomacia do tapa na cara nunca resolveu conflitos — só alimentou mais divisão.
O que se viu em Nova York foi muito mais que um discurso protocolar: foi uma reafirmação de que o projeto que Lula representa quer recolocar o Brasil como ator soberano e solidário, e não como peça num tabuleiro de interesses neoliberais. Para quem ainda acha que mudanças chegam só pelas urnas e que depois “tudo volta ao normal”, a hora é de mobilização popular e construção de alternativas concretas — fortalecer estatais, derrotar privatizações e combater a extrema-direita não são opções, são deveres. Se queremos justiça social, soberania e um planeta habitável, não há tempo a perder!