Circula nas redes um vídeo viral dizendo que o Jornal Nacional teria anunciado: “Trump mandou colocar a bandeira do Brasil na Casa Branca em apoio a Bolsonaro”. É mentira. Mais uma peça de desinformação fabricada exatamente para inflamar bolsões de ódio e tentar internacionalizar a narrativa golpista dos bolsonaristas. Quem lucra com isso? A extrema direita, claro — e seus canais de mentira que nunca descansam.
Como é o vídeo?
O post apareceu no TikTok na sexta-feira (19) e já somou mais de 680 mil visualizações. Mostra William Bonner na bancada do Jornal Nacional com uma fala atribuída a ele: “Minutos atrás, Trump, o presidente dos Estados Unidos, mandou colocar a bandeira do Brasil na Casa Branca em Washington. A mensagem foi clara: é um apoio direto ao Bolsonaro”. A frase, porém, nunca foi dita no ar. O som e as imagens foram manipulados com inteligência artificial para dar aparência de veracidade — técnica conhecida como deepfake. Não houve ordem alguma da Casa Branca para erguer bandeira alguma em apoio a Bolsonaro.
Por que isso é mentira?
A checagem do Fato ou Fake submeteu o áudio e o vídeo à ferramenta Hiya Deepfake Voice Detector. Resultado: nota 1 em uma escala de 0 a 100 — um valor baixíssimo que indica altíssima probabilidade de material sintetizado. Além disso, o clipe usado na montagem não é do dia da suposta notícia. O vídeo-base é de 13 de agosto, quando Bonner falou sobre o cancelamento de vistos por parte do governo Trump para brasileiros que trabalharam no programa Mais Médicos. Para montar a farsa, os fraudadores recortaram frames, alteraram o áudio e colaram uma fala inventada.
A equipe de checagem usou a plataforma InVID para fragmentar o vídeo em imagens estáticas e fez buscas reversas no Google Lens para comprovar que as cenas eram antigas. Também compararam gestos e movimentos de Bonner entre o original e a versão adulterada — técnica simples, mas eficaz. Para fechar o pacote de mentira, não existe nenhum registro no site oficial do governo americano, nem em veículos dos EUA, sobre qualquer determinação de Trump para içar a bandeira brasileira na Casa Branca em apoio a Bolsonaro. O vídeo é um deepfake — fabricado para enganar e para alimentar a máquina de delírio golpista.
“A condenação foi terrível” — Donald Trump
Em que contexto essa fake circula?
A desinformação chega justamente numa semana em que o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão pela trama golpista que tentou impedir a posse de Lula. Pela primeira vez na história do país, um ex-presidente foi condenado por golpe de Estado. A Primeira Turma do STF considerou Bolsonaro culpado por cinco crimes, por 4 votos a 1: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin votaram pela condenação; Luiz Fux apresentou a divergência. A sentença, e a repercussão internacional — que inclui críticas previsíveis de Trump — viraram combustível perfeito para a indústria da mentira: se a narrativa interna enfraquece, inventa-se apoio externo.
Se a direita organizou um golpe e foi derrotada nas cortes, o que resta a ela? Farsas, deepfakes e militância de quinta categoria nas redes. A combinação é perigosa: desinformação + rancor = tentativa de deslegitimar instituições democráticas e criar uma “verdade paralela”. Não podemos aceitar!
A quem interessa a fabricação desses conteúdos? Aos mesmos que venderiam o patrimônio público ao capital e aos bilionários, os mesmos que conspiraram contra a democracia e agora tentam transformá-la em ruína por meio da mentira. Nós, que defendemos as estatais, os direitos populares e a reconstrução do país, precisamos agir — denunciar, checar e disputar a narrativa pública.
Não deixe a direita ganhar terreno com mentiras. Exija provas, confira as fontes e compartilhe checagens. A luta política também passa por derrotar a máquina de fake news — e avançar para além das eleições, rumo a um projeto popular real, encabeçado por Lula e pelo campo democrático que tem a tarefa histórica de desmontar o projeto privatista e golpista da extrema direita. Quem tem medo da verdade recorre ao falso — vamos arrancar a máscara desses farsantes e seguir lutando!