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Bolsonaristas ocupam plenário e forçam sessão solene do Senado a mudar de local

A ocupação coordenada pelos bolsonaristas no plenário principal do Senado escancarou, mais uma vez, a face autoritária da direita brasileira: na quarta-feira (6), uma sessão solene de abertura de cúpula sobre mudanças climáticas, promovida pela Cepal/ONU, saiu coroada de protestos e precisou ser transferida para um auditório alternativo. Enquanto o mundo discute o futuro do planeta, aqui no Brasil surge a velha ladainha do boicote político, com parlamentares da oposição transformando o Congresso em palco de seu rancor.

O espetáculo do obstruccionismo

Senadores bolsonaristas ocuparam as cadeiras da Mesa Diretora, impediram o início normal dos trabalhos e obrigaram a organização a mobilizar técnicos para preparar, às pressas, um cenário improvisado. É essa a “agenda climática” que eles propõem? Um Congresso refém de vinganças e manobras rasteiras, enquanto o aquecimento global segue sem trégua. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), escalou o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), para conduzir a abertura – mas nem ele conseguiu evitar o constrangimento de um plenário vazio e um auditório improvisado.

Na breve fala, Wagner elogiou a agilidade dos funcionários do Senado: “Quero, por uma questão de justiça, parabenizar toda a equipe técnica do Senado brasileiro, porque tivemos que mudar de local e, muito rapidamente, eles adequaram todo esse espaço para que a gente pudesse ter sucesso nessa reunião.” — Jaques Wagner, senador (PT-BA). Ainda assim, nada poderia apagar o fato de que a direita, enfurecida com a prisão domiciliar de Bolsonaro, preferiu sabotar um evento que poderia trazer pautas ambientais essenciais para a América Latina e Caribe.

O rastro do bolsonarismo

Ao longo de terça-feira (5), deputados e senadores aliados a Bolsonaro ocuparam não apenas o Senado, mas também o plenário da Câmara. Sessões foram canceladas, líderes partidários convocados às pressas e o Congresso ficou refém de obstruções que nada têm a ver com o interesse público. A desculpa? Pressionar por um “pacote de paz” que inclui indulto para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, fim do foro privilegiado e até impeachment de ministros do STF. Mas que paz é essa, construída às custas do sacrifício do debate ambiental?

Os barões da mídia bolsonarista ecoaram a narrativa de que o governo Lula estaria “regredindo” ao autoritarismo, por coibir falas extremistas e punir responsáveis por ataques ao Estado de Direito. No entanto, não se ouve o mesmo clamor quando a Amazônia arde em chamas ou quando comunidades ribeirinhas têm seu sustento ameaçado por desmatamento e grilagem de terras. Afinal, para os apoiadores do ex-capitão, a prioridade é manter viva a chama do ódio, não o futuro do planeta.

O estranho é assistir à direita tentar se vender como defensora da liberdade de expressão enquanto fecha o Congresso e obstrui o debate público. É rir do próprio umbigo: atacam o STF, comemoram quando o Judiciário se retrai, mas não têm coragem de enfrentar as urnas. E assim seguem, usando a prisão domiciliar de Bolsonaro como pretexto para melar tudo — até uma simples sessão solene sobre mudanças climáticas.

A esquerda, por sua vez, deve aproveitar esse episódio para mostrar outro caminho: o da mobilização social, do diálogo com movimentos populares e do fortalecimento das estatais, verdadeiras guardiãs de políticas públicas ambientais. Não podemos nos deixar arrancar do centro do debate a urgência de proteger a natureza e garantir justiça climática para quem mais sofre com as consequências do aquecimento global.

Por fim, fica o recado: se a extrema direita não quer falar de clima, façamos nós o debate. Enquanto ocupam plenários, podemos ocupar ruas, escolas e comunidades. Lula e o PT têm a responsabilidade histórica de liderar não apenas uma transição energética justa, mas também um processo de retomada democrática que enterre de vez o bolsonarismo. O Brasil precisa mais do que solenidades improvisadas em auditórios alternativos — precisa de ação real, coletividade e coragem para enfrentar os donos do capital que sonham com o caos.

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