luta socialista

Brasil envia generais pela primeira vez como adidos militares na China, rompendo exclusividade dos EUA

Pela primeira vez, o Brasil enviará oficiais-generais para atuar como adidos militares na embaixada em Pequim. É um gesto que quebra o monopólio tácito dos Estados Unidos sobre o topo das nossas representações militares lá fora e sinaliza — finalmente — que a política externa brasileira caminha para um mínimo de autonomia estratégica! Depois de décadas de subordinação tecnocrática às doutrinas e aos fornecedores norte-americanos, o governo Lula dá um passo concreto para diversificar parcerias e proteger a soberania nacional.

O decreto presidencial divulgou a escala: um oficial-general do Exército nomeado como Adido de Defesa e do Exército; um contra-almirante da Marinha como Adido Naval; e um coronel da Aeronáutica como Adido Aeronáutico. Todos esses oficiais também acumularão responsabilidade pelas relações militares com a Tailândia, ampliando o alcance diplomático do Brasil no sudeste asiático. O Brasil dá um passo importante para não ficar refém de um único fornecedor de armamentos. E enquanto isso alguns analistas fingem surpresa — como se autonomia fosse crime!

A movimentação ocorre num momento sensível: produtos brasileiros sofreram sobretaxas de 50% em certas negociações, e a percepção de instabilidade nas relações com os EUA após gestos unilaterais de Donald Trump motivou, segundo especialistas, a busca por novos interlocutores. Aqui cabe a pergunta que não quer calar: vamos continuar bancando a dependência ou vamos buscar parcerias que respeitem os interesses nacionais e o desenvolvimento industrial da nossa defesa? Quem imaginou que a soberania seria entregue de bandeja aos norte-americanos agora vê o país abrindo janelas para o Pacífico.

“A ação indica maior profundidade na relação estratégica entre esses dois países, acho que esse é o primeiro ponto. Reflete o interesse mútuo em ampliar um diálogo que historicamente era mais de cooperação técnica”, disse Rodrigo Amaral, professor de relações internacionais da PUC-SP, traduzido a partir da entrevista. Esse diagnóstico é correto: não se trata de quebra de laços, mas de uma ampliação pragmática das opções do Brasil. Já o especialista Laerte Apolinário, também da PUC-SP, alertou que “o Brasil mantém canais ativos com os EUA e OTAN e deve apresentar essa aproximação com a China como parte de uma estratégia de diversificação, não de exclusão”. Tradução direta: diversificar é prudente; cortar laços à toa seria tolice — e ninguém sensato quer isso.

Importante notar que o gesto não significa abandono automático de relações com Washington: o decreto manteve três oficiais-generais nas adidâncias nos EUA — um oficial-general da Aeronáutica como Adido de Defesa e Aeronáutico, um oficial-general da Marinha como Adido Naval e um oficial-general do Exército como Adido do Exército. É gestão de pluralidade diplomática, não traição ideológica. Ainda assim, será preciso administrar percepções para que esse movimento não vire pretexto para narrativas conspiratórias da direita rasteira. Como observou Apolinário, “o desafio será administrar percepções para evitar que o gesto seja interpretado como mudança de alinhamento”.

Essa política de adidâncias expande funções além do protocolo: os oficiais vão negociar cooperações, trocar informações, acompanhar avanços tecnológicos e industriais em defesa e fomentar intercâmbios. Para nós, militantes e militantes do projeto popular, isso abre possibilidades reais para fortalecer estatais e o parque industrial nacional — em vez de entregar nossa defesa às mãos de conglomerados estrangeiros e bilionários que lucram com a guerra.

A direita já rosna e acusa o governo de virar “cúmplice” de potências estrangeiras — teatrinho previsível! O que está em jogo é outro: segurança, autonomia tecnológica e capacidade de o país decidir por si, sem tutelas alheias. Se Lula e o PT interpretam esse movimento como etapa de construção de um Brasil menos subalterno, devemos apoiar e exigir que essas relações sirvam ao desenvolvimento popular e não aos interesses das corporações militares estrangeiras. O momento é de vigilância e de mobilização: não aceitamos que autonomia vire pretexto para privatizações ou conchavos com os poderosos. O país precisa de soberania, de estatais fortes e de políticas que coloquem o povo brasileiro no centro das decisões estratégicas!

Mais notícias para você
23f433ea-3da4-4a36-b855-9860bef37808
Gastos de R$ 3,65 milhões no 1º semestre: Ex-presidentes mantêm luxo bancado pelo Estado

Desde a Constituição de 1988 ex-presidentes não recebem salário nem pensão vitalícia — uma conquista democrática importante. Mas a velha...

2b331938-cc88-4054-bfc7-a5e8d6772fb4
STF na Semana: Repatriação de Crianças, Abuso de Autoridade e Crimes contra Honra de Servidores em Debate

O Supremo Tribunal Federal (STF) volta à pauta com decisões que combinam drama familiar, disputa sobre poderes do Estado e...

99763775-4e93-46e4-afd4-1e7eaae025b8
Metade das armas registradas por CACs no Brasil são de uso restrito, revela Polícia Federal

Desde que a Polícia Federal assumiu, em 1º de julho, o controle dos registros dos Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs)...