luta socialista

Motta enfrenta semana decisiva para recuperar autoridade na presidência da Câmara

A Câmara tentou ensaiar um teatro de conciliação, mas o que vimos foi o eterno espetáculo da direita desnuda: motim bolsonarista, liderança acuada e um presidente da Casa — Hugo Motta (Republicanos-PB) — obrigado a correr atrás do próprio mandato enquanto a tropa do Centrão olha para o palanque e decide se fica ou se vai. A semana após a ocupação da Mesa Diretora deixa claro que a disputa não é apenas sobre cadeiras: é sobre quem manda, sobre quais interesses se sobrepõem — e sobre a capacidade da esquerda, representada pelo governo Lula, de impor uma agenda que beneficie a maioria e não os cofres da plutocracia.

O que a Mesa Diretora fez foi remarcar para a Corregedoria representações contra 14 parlamentares; dois casos mais explosivos, dos deputados Gilvan da Federal (PL-ES) e André Janones (Avante-MG), foram diretamente para o Conselho de Ética, com suspensão dos mandatos. Agora a palavra cabe ao corregedor Diego Coronel (PSD-BA). Enquanto isso, Motta precisa mostrar serviço: articular punições e recuperar autoridade. Mas será que é possível? Alguns colegas de Casa acham que sim — desde que ele largue a hesitação e entre em cena como verdadeiro dirigente.

“A partir de agora o que importa para Motta é ‘ter atitude de líder’ e se mostrar ‘dono da discricionariedade'” — um parlamentar. E não é só retórica: o teste virá na votação das pautas acordadas com os líderes. A base governista vê ali a oportunidade política de virar a página do motim e aprovar medidas que avancem nos compromissos do executivo. Entre elas, a promessa popular mais óbvia: a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda para R$ 5 mil, bandeira do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Não por generosidade dos poderosos, mas porque a população precisa respirar — e porque o Estado tem de ser instrumento de justiça social, não caixa registradora de privilégios.

Se Motta quiser recuperar autoridade, tem de punir exemplarmente os que confundiram a Câmara com trincheira bolsonarista. Se não o fizer, ele vai virar apenas mais um símbolo da capitulação do Legislativo às forças neoliberais e aos interesses que querem sabotar qualquer avanço social.

As críticas internas são ríspidas: aliados afirmam que Motta errou ao demorar a voltar para Brasília — ele só apareceu no dia seguinte ao início da ocupação, após cumprir agenda na Paraíba. Para quem se diz defensor de ordem e instituições, foi uma derrota óbvia. “Saiu maior ou menor vai depender da próxima semana” — um líder. E há quem aponte que a ausência permitiu que o motim se consolidasse: “As pessoas saíram do recesso sem querer ter recesso e, quando voltaram, não tiveram nada. Se a pauta tivesse sido feita, se nós tivéssemos começado a votar e o presidente estivesse na Casa, não iria ter aquela entrada no plenário” — um líder do Centrão.

O que está em jogo vai além de personalismos. A direita, sobretudo a bolsonarista, usa esses episódios como tática de desgaste institucional: interrompe, pressiona, barganha. É preciso desmontar essa máquina de sabotagem política e responsabilizar seus agentes. Para nós da Luta Socialista, aliados contundentes do governo popular, a pauta é clara: fortalecer as estatais, barrar privatizações, taxar os lucros e abrir espaço para medidas que aliviem o povo. A Câmara pode ser instrumento disso — ou um obstáculo crônico.

Na próxima semana saberemos se Hugo Motta tem estômago para enfrentar os insurgentes do bolsonarismo com mão firme, ou se continuará a flutuar entre o medo de perder o apoio do Centrão e a pressão para governabilidade. O PT e Lula têm a oportunidade de transformar o episódio em conquista política: se conseguirem aprovar pautas sociais, derrotarão não apenas um motim, mas a estratégia de obstrução da direita. Resta ver se a Câmara quer ser casa do povo ou reduto de chantagens. A nossa militância não se intimida: vamos cobrar coerência e ação — e não permitiremos que a direita continue dando as cartas enquanto fingem jogar democracia.

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