O Departamento de Estado dos EUA volta a mostrar a sua cara: não satisfeitos em apoiar e abrigar os fanáticos de direita que ameaçam a democracia brasileira, agora interferem abertamente nas nossas instituições. Marco Rubio anunciou a revogação de vistos de funcionários do governo brasileiro — numa lista que já incluiu Mozart Júlio Tabosa Sales, Alberto Kleiman e, em outra rodada, Alexandre de Moraes, ministros do STF e até familiares — num gesto de pura intromissão imperial e retaliação política. A arma é o visto; o objetivo, proteger aliados como Jair Bolsonaro e intimidar a quem ouse investigá-los. Quem diria: os mesmos que vendem “liberdade” com uma mão sustentam impunidade com a outra!
Tornozeleira, risco de fuga e a campanha de deslegitimação
A decisão de Alexandre de Moraes de impor tornozeleira eletrônica a Jair Bolsonaro foi recebida com urros na extrema direita e com a pronta reação da Casa Branca via Rubio. A medida judicial, sustentada pela Procuradoria-Geral da República por risco concreto de fuga e tentativa de intimidação a autoridades, enquadra crimes graves atribuídos ao ex-presidente — obstrução, coação no curso do processo e atentado à soberania. A decisão do STF é a resposta institucional a anos de ataques antidemocráticos; quem fabula “perseguição” é quem tem medo da Justiça.
“O presidente Trump deixou claro que seu governo responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos. A caça às bruxas política do Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil, atingindo os americanos. Portanto, ordenei a revogação dos vistos de Moraes e seus aliados no tribunal, bem como de seus familiares próximos, com efeito imediato” — Marco Rubio
O teatro de ranços continua: Eduardo Bolsonaro reage agradecendo Trump e Rubio, uma declaração que salta aos olhos pela vergonhosa admissão de dependência política externa. “Eu não posso ver meu pai e agora tem autoridade brasileira que não poderá ver seus familiares nos EUA também – ou quem sabe até perderão seus vistos” — Eduardo Bolsonaro E o próprio Bolsonaro, acuado, chegou a chamar a tornozeleira de “suprema humilhação”. “Suprema humilhação” — Jair Bolsonaro Que espetáculo patético: do insulto permanente à autoridade do país à súplica por proteção estrangeira.
A interferência norte-americana não é neutra. É um jogo geopolítico feito para proteger aliados ideológicos — bilionários e oligarcas que preferem o Brasil subserviente — e desestabilizar instituições que, mesmo com limitações, defendem a ordem republicana. Quando Washington decide quem pode ou não pisar em solo brasileiro, a soberania vira mercadoria na vitrine do imperialismo.
Mais Médicos: pretexto para atacar soberania
Rubio também usou o tema do programa Mais Médicos para atacar o governo brasileiro, rotulando a iniciativa como cúmplice de um “esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano”. “O Departamento de Estado está tomando medidas para revogar vistos e impor restrições de visto a vários funcionários do governo brasileiro e ex-funcionários da OPAS, cúmplices do esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano. O Mais Médicos foi um golpe diplomático inconcebível de ‘médicos’ estrangeiros” — Marco Rubio Traduzindo: criticar um programa que levou saúde para regiões desertificadas do ponto de vista médico virou motivo para retaliação diplomática. Hipocrisia com sotaque!
O real motivo está claro: a direita internacional protege seus representantes locais para que continuem promovendo cortes, privatizações e a entrega do patrimônio público. Defendemos estatais fortes, serviços públicos e a soberania nacional — posições que Lula e o PT, apesar das contradições, colocam como alternativas reais contra a ofensiva privatista e autoritária da direita.
A escalada de intimidações externas e internas exige resposta popular e política. Não seremos intimidados por ordens vindas de fora e não aceitaremos que o debate jurídico se transforme em moeda de troca entre governos reacionários. É hora de unir as lutas sociais, proteger nossas instituições e empurrar a direita de volta para onde sempre pertenceram: o ostracismo político. O Brasil precisa retomar sua autodeterminação — e não aceitar conselhos sobre soberania de quem lucra com ela.